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Diário da Câmara das Deputados

entrava 12 e meio por cento de farinha de primeira, 62 e meio por cento de segunda e 25 por cento de sômeas. Começaram todos a ver que o pão de segunda era melhor que o do tipo único.

Claro que para as criaturas medianamente inteligentes, que não andam no mundo por verem andar os mais, era fácil reconhecer que tal composição havia de ficar pior do que a extracção de 80 por cento para o tipo único. Mas todos viram maravilhas no novo processo. O que resultou?

Resultou que ninguém consumia o pão de primeira. Então ficou à ordem do Estado toda a farinha de primeira, e até o dia 6 de Janeiro, por força dum decreto, ficou à ordem do Estado essa farinha, na quantidade de 2:459 toneladas. O que veio a dar-se?

Caímos no tipo único, porque o pão de primeira não tinha consumo. O Estado continuou a perder e então muito mais do que perdia até aí.

A farinha de primeira armazenou-se à ordem do Estado, por força do maravilhoso decreto que tanto elevou às culmi-nâncias da glória o Sr. António Granjo, então Ministro da Agricultura.

Ficou o Estado com 2:459 toneladas de farinha de primeira, que não conseguiu aproveitar em cousa nenhuma. Segundo as minhas informações essa farinha estava à razão de l$87(õ).

A partir de 6 de Janeiro ficava essa farinha à ordem da moagem.

Isto era realmente uma cousa desagradável para a moagem, porque ficava com um produto que não podia vender.

,; O que fez o Ministério da Agricultura? Enviou uma comunicação à moagem, dispensando-a de enviar farinha de primeira para as padarias.

Assumia assim o Ministério da Agricultura, por uma simples comunicação, a responsabilidade de toda a farinha de primeira que nessa data estava à ordem da moagem e não era da responsabilidade do Estado.

Isto é grave.

Quási toda a farinha de primeira fabricada até o dia 6 de Janeiro, por força duma lei, está às ordens do Estado ao preço de 1$87(5) e a partir desse dia 6, por mercê dum funcionário do Ministério da Agricultura, o Estado assume a respon-

sabilidade da farinha de primeira que não tiver consumo e esta ao preço de l $47(5). A situação é, pois, esta, mas agora o caso torna-se mais grave, porque apenas para alimentar com pão de primeira uma reduzidíssima parte da população portuguesa e para garantir a laboração da moagem, o Estado perde por ano alguns milhares de contos. E se a Câmara quere números exactos, eu vou já citar-lhos.

+L data deste relatório eram 6:000 toneladas de farinha de primeira que estavam às ordens do Governo, o a partir de 6 de Abril são essas toneladas e mais as que se forem fabricando.

Vamos agora ver o que é que do cérebro portentoso dos colaboradores do Sr. Ministro da Agricultura saiu p'ara a utilização dessa farinha, e vamos tirar daí as ilações correspondentes à circunstância de não podermos com tais colaboradores que S. Ex.a tem, entregar nas suas mãos a autorização que nos é pedida. Eepare a Câmara nisso, porque o assunto é importante, embora se não preste a especulações políticas.