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Diário da Gamara dês Deputados

de permitir à moagem tirar mais tarde os mesmos lucros da utilização dessa farinha.

Outro processo seria nós conseguirmos 10:000 ou 10:000 toneladas de trigo, utilizando-se essa farinha no fabrico de massas.

(?Pois só o preço da farinha do primoirf, é de ?3G6 para a massa, e de $36 a outra, não valia mais a pena V

Outro processo: fabrica-se muita bolacha no País, que não tem preço marcado; e assim pode criar-se o preço, por exemplo, de 2$.

Há mil e um processos.

A circunstância de haver dois tipos do pão ó que dá embaraços a V. Ex.;i e a todos.

Assim, Sr. Presidente, eu digo e torno a dizer, que o que se torna necessário ó reduzir o preço à farinha de primeira, de forma a acabar esta desordem que lavra em todo o país, estabelecendo-se dois tipos de pão, mas por uni preço que não seja tam exagerado.

Tudo isto como .está só sorve para favorecer a indústria da moagem e mais nada, conforme tenho mostrado à Câmara.

Já vG^ portanto, o Sr. Presidente do Ministério que não há nas minhas palavras nenhum espírito de. politiquice,. pois posso garantir a V. Ex.a e à Câmara quo o meu partido, que aliás tem representantes no Governo, não tem prazer nenhum em o fazer substituir por outro, possivelmente pior.

Não,' Sr. Presidente, não se trata de política, mas tam somente do grande desejo que nós temos em acabar com este estado de cousas, e se bem que V. Ex.a seja uma pessoa muito inteligente, pode muito bem acontecer, visto que a sua atenção está .concentrada em duas pastas, o que lho cá certamente muito trabalho, que V. Ex.1, mesmo sem o querer, vá cair numa armadilha arranjada pela moagem.

São estas as razões das considerações que tenho feito sobre o assunto, o ó por isto que nós desejamos saber qual o caminho que S. Ex.a tenciona seguir com as autorizações que nos vem pedir, pois pode V. Ex.â ter a certeza absoluta que se elas forem utilizadas no sentido de favorecer a moagem, nós não poderemos de rnaneba nenhuma votar tais autorizações.

De forma que S. Ex.a. patriota, portu--guês, republicano dos mais ilustres que há na nossa terra, vai fazer-nos o favor de nos esclarecer.

Se V. Ex.a não disser correctamente quais as suas intenções, pode V. Ex.a fazer todas ãsjongleries de espírito quo quiser, pode contorcer a questão* como entender, quo nós não podemos de forma alguma dar o nosso voto à sua proposta.

Se V. Ex.a entende dever sossegar-jaos, conte com o nosso voto: se não, não.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando devolver, revistas, as notas taquigráficas eme lhe foram enviadas.

Leu-se na Mesa um voto de interpelação do Sr. Augusto Dias da Stlva, dirigida ao Sr. Ministro do Trabalho.

Vai nos documentos envizdos para a Mesa.

O Sr. Ministro do Trabalho (José Do-mingucs dos Santos): — Sr., Presidente: tenho estado quási permanentemente no Parlamento desde que ele reabriu, e estou habilitado a responder à interpelação que acaba de ser lida na Mesa, e para mim seria muito agradável que V. Ex.a a niarcasse o mais rapidamente possível.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente do Ministério, Ministro do Interior e interino da Agricultura

(Bernardino Machado): — Sr. Presidente: agradecendo ao ilustre Deputado que acaba de falar as declarações que repetidamente íez de apoio ao Governo, com o qual eu já contava, apenas lamento que S. Ex.a entendesse dever falar um tanto como a velha de Siracusa, fundando esse apoio no receio de que, depois deste Governo viesse cutro pior.

Sr. Presidente: eu tenho a honra de contar dentro do Governo com homens que, estou convencido, não> podem dar a S. Ex.a nem a ninguém essa impressão de que estamos aqui unicamente, não porque somos um Governo decidido a resolver as altas questões, mas porque, porventura, depois de nós ainda o País podia ser mais infeliz do que é connosco.