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Sessão de 19 de Abril de 1921

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parte se vendia a $42 e que depois de devidamente aproveitado poderia fazer com que o trigo pudesse ser vendido à moagem pelo preço de $25(4). Desta operação resultaria um prejuízo para o Estado que nós já vamos calcular.

Mas diz-se ainda mais. Fabrica-se uma farinha de segunda juntando 40 por cento de farinha de primeira, 40 por cento de farinha de segunda e 20 por cento de farinha de milho. Por um tal processo poder-se-ia adquirir qualquer cousa como 14:625 toneladas duma farinha de segunda. ,;Sendo assim, quanto perde o Estado?

Todos sabem como se fazem as contas da moagem; dum lado abre-se o crédito, do outro o débito. A moagem teria de pagar os produtos à razão de x, e, por conhecidas manigâncias, estabeleceria para o trigo o preço do novo diagrama, quere dizer, estabeleceria não o preço de $00 e tal, mas o de $09 para toda a farinha já fabricada...

O Sr. João Luís Ricardo:—Seria para compensar dalguma maneira os prejuízos que a moagem vai ter com a paralisação da sua laboração durante mês e meio.

O Orador:—Em suma, por todas estas operações a moagem viria a lucrar cerca de 1:000 contos. E o Estado quanto perderia? Vamos ver.

As contas apresentadas estão todas erradas. Em primeiro lugar fazem de conta que toda a farinha de primeira está valorizada a 1$50 e tal, mas esquecem-se de que 2:559 toneladas estão valorizadas à razão de 1087(5).

A seguir entra no cálculo o preço que ao Estado tem custado a farinha de segunda.

É mais um prejuízo que não se mete em conta.

Quere dizer, os prejuízos do Estado estão errados neste relatório em alguns contos, e além disso vamos agora a ver como são fantasiados os lucros.

Imagine-se que existem 5:555 toneladas de farinha de primeira.

Se isso fosse calculado assim, e se se fizesse a extracção, os prejuízos são superiores aos que estão marcados.

Mas esqueceu-se uma cousa fundamental, e é que apesar de haver esse lucro, não haveria forma de aproveitar a farinha.

Se o pão de primeira se pusesse, imaginemos, ao preço de $80, o pão começaria a ter consumo.

Eu apresentei este caso aos moageiros.

A perda seria de um modo diferente.

Isto dava lugar a que sem tantas resoluções e tantos alfaiates para esta obra, o Sr. Presidente do Ministério tivesse uma solução que lhe permitia utilizar a farinha sem tanto prejuízo.

(Apoiados).

Os dois tipos de pão sempre tiveram consumo, mas deixaram de o ter quando chegaram aos preços que foram marcados.

Devia-se ter acabado com os dois tipos de pão e estabelecer um tipo único de pão, mas não com farinha de primeira.

Mas não se fez assim.

Vejamos o que os senhores conselheiros preconizaram.

Come se vê pela leitura que fiz, V. Ex.a tem duas, três ou mais fórmulas; a que lhe arranjaram é a pior.

Mas veja V. Ex.a: há uns homens que por força das circunstâncias são obrigados a transformar a farinha de primeira em segunda para lhe dar consumo. O resultado é cair num tipo único.

Eu não atribuí a V. Ex.a a culpa. Apelo para a sinceridade da Câmara.

Procuro ser sempre claro.

V. Ex.aveio aqui dizer que tinha achado maneira de obter para o Estado 7:000 contos.

O Sr. Presidente do Ministério, Minis-to do Interior e interino da Agricultura

(Bernardino Machado):—Muito mais de 7:000 contos.

O Orador: — Havia mil maneiras de dar consumo a esta farinha. A primeira cousa para não cair num preço de pão de primeira em que ninguém toque, é acabar, com esse pão, criando um só tipo. Ou então arranjar um preço tal para a farinha de primeira, que ela tenha consumo em pão.

Mas V. Ex.a mantém o mesmo preço da farinha de primeira; e com esse preço a mesma extracção de farinha de segunda com preço mais baixo.

A seguir arranja maneira de dar consumo à de primeira.