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Diário da Câmara dos Deputados

deixaram falar e obrigaram-me & sair da sala.

Pois agora estando em discussão o projecto de que nos estamos ocupando, já o Sr. Ministro da Marinha falou, e a Câmara não opôs reparo algum, antes o ouviu com aplauso de todos.

Fica, pois, bern frisado que as atitudes e indignações aqui toniadfs, nem sempre traduzem sinceridade, e quo os partidos têm uma maleabilidade política que os leva muitas vezes a fazer uma .questão moral em casos em quo ela de facto não existe.

Sr. Presidente: perante os termos eni que foi concedida a amnistia, eu concluo o seguinte: que os republicanos que go-A'eruam a República, não conseguiram demonstrar que durante a revolução em Monsanto, se haja cometido um único dano, sequer, a pessoas e a propriedades.

Fica sabido que a República não teve o cuidado do verificar nenhum dano, • quando é certo que houve mortes, pois alguns republicanos foram mortos., e danos em propriedades.

Houve ainda mais: foram roubados dos cofres públicos do Porto, cerca do 2:000 contos. Não há, porém, nenhum processo instaurado por tal crime.

E eu recordo à Câmara todas as violências que os monárquicos fizeram cair sobre a cabeça de republicanos quando estes estavam em Santarém e ali ninguém tocou em um centavo.

Assim, pois, poder-se há concluir que o amor pelas instituições é platónico, e que aqueles dos republicanos que têm tani bom coração para defenderem os inimigos do regime, estão a arranjar uma carta de recomendação para quando vier a monarquia.

Ao passo que do nosso lado há o cuidado de não encontrar da parte do inimigo nenhum dano a pessoas ou a propriedades, vemos do outro lado todo o furor em encontrar esses danos causados por republicanos.

A propósito eu cito um caso que constitui uma verdadeira desonra para a República:

Quando da revolta de Santarém, o alferes Sr. Ribeiro dos Santos foi incumbido pelos comandantes das forças revo-

lucionárias, os Sr s. Álvaro de Castro e Jaime de Figueiredo, de procader a um reconhecimento no Vale de Santarém. Esse oficial, no cumprimento das ordens que lhe tinham sido dadas, marchou a de-sompenhar-se da sua missão e, em certa altura, foi atacado pelas forças adversárias, travando-se entre os dois destacamentos vivo tiroteio, de que resultou a morte dum oficial da facção contrária. Pois bem; passado o momento revolucionário, o alferes Sr. Ribeiro ,do» Santos é acusado, do crime do morto do referido oficial e obrigado a responder rios tribunais por tal motivo. <_0ra santarém='santarém' que='que' foi='foi' luta='luta' _-recebido='_-recebido' cuja='cuja' execução='execução' uma='uma' consequências='consequências' dos='dos' quo='quo' do='do' essa='essa' daqueles='daqueles' imputar='imputar' dada='dada' naturais='naturais' ordem='ordem' oficial='oficial' t.presontou='t.presontou' tal='tal' como='como' só='só' a='a' suas='suas' desde='desde' e='e' dado='dado' determinada='determinada' lhe='lhe' em='em' salvaguardando='salvaguardando' responsabilidade='responsabilidade' ribeiro='ribeiro' haver='haver' sr.='sr.' o='o' p='p' as='as' pode='pode' u='u' tinham='tinham' dessas='dessas' militar='militar' resultou='resultou' santos='santos'>

Depois, a perseguição aos republicanos, dentro da própria República, é taru evidente que foi possível levar o processo do crime que lhe imputavam a um tribunal civil, sob o pretexto de que o Sr. Ribeiro dos Santos não era oficial. ,;Pois então não foi como oficial que o Sr. Ribeiro dos Santos esteve em Santarém?

i Como este facto é bem significativo, e como c, alma republicana vê com tristeza o procedimento da Repútlica para com os seus defensores mais queridos!

Sem outras reflexões, possa este caso servir de exemplo o fazer levantar um pouco de remorso à consciência de todos nós. (Apoiados].

A República não se honra, meus Senhores, tratando por tal forma os seus servidores mais desinteressados e protegendo aqueles que mais encarnij.adamente a atacam. A sustentar uma tal doutrina é preferível entregarmos a República. \Apoiados).

De resto, a amnistia, tal como foi aprovada pelo Parlamento, é uma verdadeira burla porque, se amanhã eu quiser impedir que determinado indivíduo seja amnistiado, basta mover-lhe um processo como autor ou responsável por determinado crime durante as lutas revolucioná-