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í)iârio da Câmara ao* Deputado*

O Orador:—Não consinto. Risos.

O Orador: — Ao Sr. Ministro da Instrução, que já deve ter conhecimento dos assuntos que correm pela sua pasta, que •tem larga experiência da administração pública, que tem qualidades de talento que ninguém pode contestar (Apoiados), eu pregunto se efectivamente S. Ex.a tem ideas precisas em relação à greve actual.

Tenho dito.

O orador não reviu.

Vozes:—Muito bem! Muito bem I

O Sr. Ministro da Instrução Pública (Júlio Martins) : — Sr. Presidente : o Sr. António Granjo fez-me preguntas concretas sobre a questão universitária, e, portanto, eu vou procurar responder-lhe.

Quem tenha olhado para a tonalidade geral do discurso de S. Ex.a, notará que o [Sr. António Granjo foi duma infelicidade completa, querendo misturar a questão da greve com uma questão inteiramente política.

Pregunta S. Ex.a: £ A actual greve é uma questão pessoal, ou é o ressurgimento da antiga questão universitária?

Simultaneamente S. Ex.a critica o Ministro da Instrução por este não ter sabido pôr a questão perante o País, nos seus devidos termos, e que, por isso. vinha agora com a sua questão prévia colocar o mesmo Ministro em condições de o poder fazer.

Sr. Presidente: para mim a greve continua a ser, ainda neste momento, uma questão pessoal entre os alunos do 5.° ano de medicina e o professor Sr. Angelo da Fonseca.

E certo que o movimento já tem hoje uma extensão grande, devido a ter-se dado a solidariedade de outros estudantes da Universidade; mas, Sr. Presidente, vejamos o desenvolvimento da questão, e as declarações últimas do curso do 5.° ano, feitas num manifesto a que o Sr. António Granjo se referiu e que eu também •tenho em meu poder.

A questão iniciou-se numa aula de clínica cirúrgica realizada em l de Março último, quando o Dr. Angelo da Fonseca fez perante o seu curso a crítica a um

discurso proferido por um estudante, à' beira da campa do saudoso professor Daniel de Matos. Nessa crítica quiseram os estudantes ver um agravo ao seu curso.

Todavia, esses estudantes publicam posteriormente o seu manifesto e nele declaram que nas considerações e críticas do Sr. Angelo da Fonseca, eles não viram o professor, mas imicamaite a pessoa do Dr. Angelo da Fonseca.

Sr. Presidente: dá-se isto em l de Março. Em 2 de Março ó publicado o discurso proferido pelo estudante à beira da campa do Dr. Daniel da Matos. Repare a Câmara para as datas.

O Sr. Angelo da Fonseca não deu aulas durante o intervalo de l de Março a 11 do mesmo mês, porque a sua actividade estava aplicada aos trabalhos de exames; mas, Sr. Presidente, Oí> estudantes mantiveram com S. Ex.a, em todo esse tempo, regular convívio nas clínicas. Isto foi afirmado pelo Sr. Angelo da, Fonseca perante o Conselho de Faculdade de Me-decina, como consta dum documento a que já, nesta Câmara, me referi.

Verifica-se, pois, que as palavras do Sr. Angelo da Fenseca não foram de tal forma tomadas pelo curso que provocassem uma incompatibilidade entre os estudantes e o seu professor.

No dia 11 de Março publicou-se o manifesto dos estudantes.

^ O que se vê por 6sse manifesto ?

Vê-se que os estudantes são ilógicos, porque no final desse manifesto declararam-se irredutíveis com o proiessor Sr. Angelo da Fonseca, quando já haviam dito que nas críticas feitas por S. Ex.a não tinham visto o professor, mas unicamente a pessoa do Sr. Dr. Angelo da Fonseca.

Não se diz que o professor é incompetente para a regência da sua cadeira; não se diz que ele não tenha a competência que lhe é reconhecida, para administrar o ensino na cátedra universitária.

Afirma-se, simplesmente, que pelos pretendidos agravos lançados ao 5.° ano os estudantes se tornam irredutíveis -com ele.