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REPÚBLICA

PORTUGUESA

DIÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

Discurso proferido na sessão n.° 58, de IO de Maio de 1921. e agora integralmente publicado

O Sr» João Gonçalves (em negócio urgente}:— Sei o que devo a mini próprio como homem que através de todo seu passado procurou sempre manter um nome digno, e sabia como Ministro da República, o que nie cumpria fazer para manter bem alto a dignidade do Poder.

E porque, no cumprimento dos meus deveres, só me preocupava com os superiores interesses do país, compreendo a atitude dos difamadores. Receiaraui-se da minha acção e procuram evitar que ela torne a fazer-se sentir. Não compreendo, porém, a conduta dos que se sucedem nos Governos, pois, por mais divergências que haja, não pode deixar de haver a mais estreita solidariedade em manter o prestígio do Poder e da República.

E por isso que, com mágoa e indignação, constato que, passados dois meses, os meus sucessores preferem dispensar todas as atenções ao director geral do Comércio Agrícola a mandar seguir a sindicância a que o mandei submeter, em virtude da sua má fé e deslealdade e ainda de possíveis crimes diguos de penitenciária,, de que só tive conhecimento quando demissionário ou depois de deixar o Governo.

jE, como se isto fosse pouco, aprovèita--se da sua situação oficial e do especial favoritismo que lhe concederam, para dar à publicidade, embora isso lhe seja vedado, certos factos ou documentos, com a agravante de os deturpar e os falsear com o mais descarado impudor! Com tais normas de proceder, não é o ex-Ministro

João Gonçalves quem sai ferido, porque a hora da verdade e do castigo dos responsáveis há-de soar, mas sim os seus sucessores, que com a sua inconcebível atitude consentiram no desprestígio do Poder!

Sinto e estranho não esteja presente o Sr. Ministro da Agricultura porque queria sigiiiHcar-lhe o meu protesio pela minha conduta, e, como ffie convencido que se adoptou a divisa — quem vier depois que feche a porta— e se prefere a vida cómoda e fácil de não proceder, por razões que desconheço, entendo que o Parlamento não deve hesitar em proceder à nomeação duma comissão parlamentar de inquérito ao assunto que tenho versado.

Assim o país saberá como me conduzi quando Ministro e como se têm conduzido os meus sucessores para com esse director geral cuja sindicância poios mais ele-mantares dos deveres, para esclarecimento da verdade é para castigo dos caluniadores, devia ter prosseguido, a não ser qne se professe o culto da calúnia contra aqueles que, por desgraça sua, já foram Ministros.

Oxalá, conforme espero, essa comissão faça luz completa sobre o assunto e proceda com todo o rigor, seja contra quem for.

A proposta é nos seguintes termos: