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Sessão $e 17 de Maio de 1921

jornal lhes atribuirá o que, de facto, não possuíam.

Os jornais são também um factor maior, concreto, no nosso país; porque o jornal coin extrema facilidade íaz do nada um estadista.

^E quantas vezes um homem de valor porque níío é da convivência ou porque, emfim, só recolhe mais e se afasta, quantas vezes ele passa despercebido a essa imprensa?

Do forma que quando a imprensa insulta a República e a Eepública se queixa, a imprensa está a bem. Neste ajuste de contas, neste desmanchar do feira, a imprensa tem uma cota parte de responsabilidade.

Eu queria que o Sr. Ministro das Finanças ao apresentar a proposta tivesse tirado à- Câmara a impressão, pelo menos, do que não vinha fazer proposta ad odium.

Antes de limitar a sua acção ao Ministério da Agricultura, quereria que o Sr. Ministro das Finanças nos viesse dizer já a indicação da reforma de todos os serviços públicos, porque assim, embora o Sr. Bernardino Machado afiance que está no poder cinco anos, quem me garante que o Sr. Ministro das Finanças não aplique o mesmo tratamento ao Ministério da Guerra que aplica ao da Agricultura?

Deveria fazer obra justa e igual para todos.

Dever-se-ia comprimir as despesas, aplicando o princípio a todos os Ministérios. Não só apenas, duma forma rigorosa, quási destruir o Ministério da Agricultura.

Não lhe regatearia os louvores.

Siv Presidente: estou de antemão convencido que depois do que ficou registado o Sr. Ministro das Finanças já modificou o seu papel de homem que dá, doa a quem doer.

Eu já estou habituado a ver que os Governos da natureza deste, de concentração, ainda que tenham ao leme uma figura como a do Sr. Bernardino Machado, são—releve-me V. Ex.a o termo, que vai sem ofensa,—uma espécie do mercado da praça da Figueira: todos têm o propósito de vender o seu peixe em prejuízo dos colegas. Não há unidade na apresentação de medidas, nem uniformidade na defesa das mesmas; e assim, no dia em que um Ministro apresenta e de-

fende um ponto de vista, o seu colega apresenta uma opinião contrária e defende-a também, cada um deles fazendo fin-capé no seu objectivo. Foi o aue sucedeu ainda ontem, entre o Sr. Ministro das Finanças e o Sr. Ministro da Agricultura.

A Câmara'tem de optar por um ou pelo outro, destes Ministros, porque chega à' conclusão dê nJlo saber o que o Governo quer.

Há duas opiniões em conflito. Se a Câmara vota o ponto de vista do Sr. Ministro das Finanças, eu pregunto em que situação fica o Sr. Ministro da Agricultura; mas se o ponto de vista do Sr. Ministro da Agricultura é aceito pela Câmara, o Sr. Ministro das Finanças em que situação fica colocado?

Eu não sei como o Governo vai resolver esta questão, a menos que intervenha nela o Sr. Bernardino Machado.

Em quanto o Sr. Presidente do Ministério não intervicr nesta contenda, mostrando uma solução que a todos agrade dentro do Governo, o conflito continua latente e a crise está aberta, ainda que ye-ladamente ao Parlamento.

O Sr. Presidente do Ministério, absorvido pelos seus inúmeros afazeres, que lhe dão água pela barba, está alheio à questão.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (Bernardino Machado): — V. Ex.a está a fazer afirmações, sem as fundamentar em argumentos concretos.

Eu desejava saber em que é que V. Ex.a se funda para dizer o que está afirmando.

O Orador : —V. Ex.a apela para mim e por isso eu vou explicar-lhe mais detalha-damente as razões que me autorizam a fazer estas declarações.

O Sr. Ministro das Finanças, só com a responsabilidade do seu nome, vem a esta Câmara e apresenta a opinião de que o Ministério da Agricultura deve ter só duas Direcções Gerais.

Em seguida o Sr. Ministro da Agricultura declara que esse ponto de vista é erróneo, discordando absolutamente dele e sustentando o seu ponto de vista que é absolutamente contrário ao do seu colega.