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Sessão dê 11 de Maio de 1921

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Menos do que uma moção de aplanso ao Sr. Ministro das Finanças e menos do quê um aspecto episódico das nossas lutas políticas, a moção que em nome do meu Partido0tenho a honra cie mandar para a Mesa serve, principalmente, para definir claramente a situação.

Poucas pessoas possuem como eu, nesta hora em que é indispensável cada um dizer da sua justiça, tanto direito a ter ressentimentos do ex-leader do partido democrático e actual Ministro das Finanças. Repito-o de novo porque entendo que o devo. fazer sentir, não para fazer sobressair uma pretendida atitude de generosidade da minha parte, mas para estabelecer um confronto que não pode deixar de ser interessante.

Comprima S. Ex.a as despesas, cumpra a sua promessa, ponha em execução .os seus princípios; não será o Partido Popular que lhe irá embaraçar a sua acção. Estamos resolvidos a aprovar tudo quanto S. Ex.a nos apresente no sentido dessa compressão, e tão resolvidos que nem sequer nos preocuparemos com a forma por que S. Ex.a tencione proceder a essa compressão.

Eu não quero saber se o Sr. Ministro das Finanças seguo ou não os meus pontos de vista em matéria financeira; quero apenas saber se S. Ex.a aumenta ou não as receitas, diminui ou não as despesas. Isso ó que me interessa. Eu, por mini, dígo-o sem segundo sentido, honradamente, como republicano que ama a República acima de tudo menos a Pátria, estou disposto a dar todo o apoio à obra de redução de despesas tão preconizada por S. Ex.a

Não lhe farei perder um segundo em apreciações de qualquer natureza, e tanto assim que estou disposto a pedir a todos os membros do Partido Popular o sacrifício dos seus princípios, neste ponto.

JtLi não será S. Ex.a quem sairá daquela cadeira arrastado por votações ineptas de todos nós. Estará ali amarrado, amarrado àquela cadeira, para cumprir o que prometeu no seu lugar de Deputado, porque os homens públicos só se dignificam quando cumprem no poder o que na oposição prometeram. Nada mais lho exigimos senão que faça alguma cousa om defesa desta terra, que aumente as receitas — não queremos saber como— e que

comprima as despesas, não nos interessa por que forma. S. Ex.a apresenta uma proposta e nós aprovamo-la cegamente. Preciso de fazer esta afirmação na presente hora em nome das minhas convicções, porque ou tantas vezes ali senti a falta do apoio do Sr. António Maria clã Silva, achar-me ia ma-1 com a minha própria consciência se dôste lugar procedesse para com S. Ex.a pela mesma fornia por que S. Ex.a procedeu para comigo.

Sr. Presidente: a questão está posta em termos claros. Não representa nesta luta nobre e honradamente estabelecida eotre os Srs. Ministros da Agricultura e Finanças uma escolha entre S. Ex.as Nada temos que conhecer a esse respeito, pois que acreditamos que tam nobres são as intenções do Sr. Ministro das Finanças como as do Sr. Ministro da Agricultura, cada um deles defendendo o seu ponto de vista.

Portugal é uni país de impressões. Nós somos capazes de fazer uni movimento em volta do folhetim ao Barràbás ou de qualquer Bibi que apareça no momento e do andar pelas lojas de barbeiro à espera de que nos entreguem um bilhete permitindo-nos fazer a barba de graça. Temos este defeito: somos caracterizadamente um país de impressões. Estabelece-se contra os Ministros que queriam aumentar as receitas uma campanha: a campanha da compressão das despesas. Mas, quando ocupava a cadeira de Ministro das Finanças, eu dizia a mim mesmo: Se eu quizesse apontar à Nação os serviços inúteis dos funcionários A, B ou C, para acabar com os respectivos cargos, far-se--ia em relação à compressão das despesas campanha idêntica à que se está fazendo sôbre"o aumento das receitas. Numa conferência que tive ensejo de fazer na Sociedade de Geografia declarei isto mesmo. A lei n.° 1:040 pôs fora do exército cerca de 600 oficiais, e, apesar da campanha da redução das despesas, logo o país se revolveu num movimento de sentimentalismo, lamentando as famílias desses oficiais, e ainda hoje o Senado se ocupa da lei n.° 1:040.