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l)iârio da Câmara dos Deputados

se tem comprado 200:000 toneladas de trigo.

Direi mais uma vez. Para que as contas do Estado joguem, é preciso quo se inscrevam como despesa as verbas correspondentes às despesas. (Apoiados).

Se queremos continuar a política dos trigos, calcule-s e o déficit de trigos em 200:000, 800:000 toneladas e outras dês-pesas com a aquisição dos trigos, porquanto devemos calcular que perdemos 30 ou 40 por cento, ou ainda mais, 50 ou 80 por cento, e inscrevamos no respectivo orçamento a verba necessária para esta despesa com os trigos.

Todos os Ministros das Finanças têm resistido à tentação de inscrever a verba com o aumento necessário; outras vezes, como quando se procedeu à elaboração do orçamento que se discute, diz-se ser preciso mudar a política de trigos, e nada se faz.

Se vamos bruscamente aumentar o preço do p3.o, provocaremos uma reacção por parte dos que comem pão à custa do Estado.

Com a elevação do preço do pão provocaremos uma revolta popular.

Por outro ludo, se aumentarmos em 100 por cento o preço do pão, os funcionários vítimas do aumento de preço do pão, formularão novas reclamações sobre aumento de vencimentos.-

Reduzir a despesa equivale a aumentar a receita correspondente.

Não há despesa alguma que não tenha a contrapartida de receita.

Tem de inscrever-se essa contrapartida.

O Sr. Costa Júnior: — A comissão quis que a Câmara estabelecesse a_sua regra o que se deve seguir em questão de trigos. Assim essa verba teria -de ser aumentada ou diminuída.

É uma hipótese apenas essa.

O Orador: — O Sr. António Granjo como leader do Partido Liberal e conhecedor da matéria agrícola, defensor estrénuo do princípio de liberdade do comércio, uma moção sua defendida, encontra-se em circunstâncias de decretar essa liberdade de comércio.

Com a liberdade de comércio todos os preços duplicaram pelo menos. Haja em vista o que se passou, por exemplo, com

o azeite; unia voz que desapareceu a tabela era vendido a quatro e a cinco escudos.

O Sr. António Granjo proclamou quo se elevariam os salários.

Esquecia-se dos funcionários públicos que também comem e o Estado não está em condições de lhes pagar em relação ao aumento desordenado dos géneros.

S. Ex.a veio aqui um dia e numa moção que apresentou à Câmara proclamou a liberdade do comércio.

,;Como é que, por exemplo, para o pão se pode decretar a liberdade do comércio se a respectiva indústria declara não estar apta a comprar o produto para a sua la-boração ?

,;Como é que se poderá concluir que o preço do pão vai ser decretado sem prejuízo para o Estado?

Se o Estado vai marcar dia a dia o preço do pão, com as variações, cambiais, o Estado não estará ao abrigo de prejuízos.

^Se amaohã o trigo for para 500 xelins, vamos pôr o preço de cada cuilograma de trigo a 1$80?

O problem-a é complexo.

A Câmara precisa marcar ao Ministro da ^Agricultura uma atitude deJinida.

K preciso marcar se S. Ex.a deverá mesmo ante todos os riscos de perturbação da ordem, de greves que poderão atingir o próprio funcionalismo públÍ20, seguir aberta e francamente o caminho da liberdade de comércio, sem se deixt.r margem no orçamento para esses prejuízos.

S. Ex.a não precisa de Sancho Pança para o acompanhar, mas eu eslou pronto a servir-lhe de escudeiro para satisfazer a falada compressão de despesas.

As associações pedem compressão de despesas, faz-se a compressão de despesas.

Noutro ponto nós podemos estar de acordo e talvez que seja uma maneira de conciliar os dois Sr s. Ministros. — Fazemos a compressão de despesas e degolamos alguns dos directores gerais.. . Eealmente, onze directores gerais a inventarem despachos, deve ser demais. ;Eu jáastivocom quatro e chegavam! Que fará com onze!

Noutro ponto ainda pode a Câmara pronunciar-se a favor do Sr. Ministro da Agricultura.