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Sessão de 17 de Janeiro de 1923
ção ministerial não representa compromisso algum.
Foi versado nas gazetas a interpretação do termo «laico», mas devo dizer que era apenas uma questão de redacção. Assim pensam todos os que não querem a sociedade portuguesa perturbada.
Temos de atender aos interêsses da quási totalidade dos cidadãos e nesta altura era inconveniente que se levantasse qualquer celeuma.
Bem basta aqueles que para fins inconfessáveis sempre vislumbram um bom ensejo de modificar a nossa situação económica e financeira, sem que antecipadamente se conheça qualquer plano.
É curioso observar como êles se agarram a tudo, metendo-se em todos os cantos, procurando arranjar ambiente propício a especulação, tentando iludir nesse regime de almocreve de petas e inventando divergências entre pessoas, fazendo afirmações corroboradas com a sua palavra do honra, fazendo tudo, enfim, para perturbar, a propósito da apresentação de quatro Ministros.
Jamais no Parlamento houve tal debate principalmente nesta altura da crise em que nos encontramos.
São os ambiciosos que põem, acima dos Interesses superiores da República, os seus interêsses próprios, esquecendo os seus deveres.
Bem sei que é realmente desagradável para muita gente estar à espera de marcar lugar na bicha para vir para estas cadeiras.
Entendo que o regime nada ganha com isto e, se eu formei quatro governos, não foi pelo desejo de o fazer.
Julgo haver uma maneira fácil de resolver a questão política.
Se há alguém que está ansioso por governar, é pôr a questão nos seus termos e dizer o seu ponto de vista.
Tenho dito.
O discurso será publicado na íntegra quando o orador haja revisto as notas taquigráficas.
O Sr. Nuno Simões: — Sr. Presidente: o Sr. Presidente do Ministério, meu velho amigo e antigo republicano, não é sempre feliz nas expressões que emprega.
S. Ex.ª falando de fins inconfessáveis, acaba de referir-se a pessoas que, tendo assento nesta Câmara, tratam lá fora de questões que podiam tratar aqui.
Faço justiça a S. Ex.ª de julgar que foi ùnicamente uma expressão infeliz, e não se trata de ofender pessoas que aqui e lá fora têm tratado S. Ex.ª com a mesma consideração a que tem direito e que tratam aqui e lá fora os assuntos com a mesma elevação.
É para lastimar que o Sr. Presidente do Ministério, sempre cuidadoso em repelir quaisquer palavras que lhe dirigem, viesse falar em intuitos inconfessáveis, tendo a obrigação de ter pelos outros a consideração e respeito que êles têm para S. Ex.ª
Tenho dito.
O discurso será publicado na íntegra quando o orador haja devolvido as notas taquigráficas.
O Sr. Cunha Leal: — Sr. Presidente: quando entrei na sala disseram-me que o Sr. Presidente do Ministério se tinha referido a Deputados que eram também jornalistas, pondo nas suas palavras alguma ironia.
Só compreendi a ironia apontada quando ouvi falar o Sr. Nuno Simões.
Compreendi então que o Sr. Presidente do Ministério tinha aludido a intuitos inconfessáveis de pessoas que tendo assento nesta Câmara eram simultâneamente jornalistas e em lugar de deixar para o Parlamento as suas críticas as faziam nos jornais.
É claro que como jornalista não tenho de dar satisfações sôbre o modo como redijo o Século e só tenho a lastimar o modo como se pretende meter a fouce em seara alheia.
Seja-me lícito dizer que na crítica que fiz à proposta do empréstimo apresentado pelo Sr. Ministro das Finanças eu não pus em dúvida a honorabilidade do Sr. Ministro das Finanças; e, quando sem meu conhecimento foram escritas palavras no Século, que podiam ferir S. Ex. a, mandei riscá-las porque não as perfilhava. E devo dizer se quisesse tirar ilusões de factos que conheço podia classificar de mau intuito a apresentação de uma tal proposta. Tenho dito.
O discurso será publicado na íntegra quando o orador haja devolvido as notas taquigráficas.