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Sessão de 22 de Janeiro de 1923
noria católica protestar contra o atentado de que foi alvo o Sr. Bispo de Beja, na casa da sua residência, no dia 19 do corrente, às 23 horas.
Êsse atentado é não só contra a Igreja, mas também contra a Pátria. Contra a Igreja, porque o seu alvo era a pessoa do venerando prelado, e uma das liberdades fundamentais e garantidas na Constituïção é a liberdade religiosa, e contra a Pátria, porque a pessoa do insigne prelado é uma das figuras que se encheram de glória nos campos de batalha na Flandres, dando os mais altos exemplos de abnegação, ao ministrar os socorros espirituais a quem necessitava dêles, através de todos os perigos, e ao contribuir com o seu exemplo para que a bandeira da sua Pátria se cobrisse de louros nas mãos dos soldados.
É um cidadão dêste estôfo que se torna alvo do atentado que mereceu a condenação desta Câmara!
Urge apurar as responsabilidades e descobrir quem praticou o crime.
Os católicos dizem que se não trata dum atentado anarquista, nem dum atentado sindicalista, como à primeira vista podia supor-se. Trata-se dum atentado promovido por elementos do democratismo radical. São os mesmos elementos que promoveram no dia 5 de Fevereiro de 1922 quando da entrada do venerando prelado, arruaças contra êle.
O atentado deu-se nas seguintes circunstâncias:
No dia 19, às 20 horas, três indivíduos embuçados, como protegendo-se do frio, foram pedir esmola à residência do Sr. bispo de Beja. Conforme é costume naquela casa, onde nunca se nega esmola, generosamente foram contemplados. Êsses mesmos três indivíduos, às 23 horas, puseram uma bomba à porta da residência do prelado, causando prejuízos materiais e sustos.
Êste criminoso atentado produziu indignação em toda a cidade de Beja. Pessoas de todas as classes sociais foram à residência episcopal manifestar a sua repulsa. Pessoas que nunca haviam visitado o prelado foram nessa ocasião a sua casa, rodeando-o de atenções e protestando contra o insólito procedimento que provocou a maior indignação entre todos. É que o Sr. Bispo de Beja não tem feito outra
cousa senão prègar a paz e a harmonia e fazer o bem, dando esmolas a toda a gente, procurando arrancar à miséria e à desgraça muitos desvalidos, impondo-se assim ao respeito e à estima de todos os cidadãos desta República. E é depois disto que procuram vitimá-lo!
Tudo indica que as responsabilidades do facto pertencem a elementos do democratismo radical, aqueles que entendem combater o ensino religioso, sem saber o que seja e para que serve êsse ensino.
Apoiados da extrema direita.
São indivíduos que se declaram amigos do País e da paz, mas que não fazem outra cousa senão provocar a desordem.
Estando presente o Sr. Presidente do Ministério, desejo saber se da parte do Sr. governador civil de Beja vieram algumas informações a respeito dêste atentado.
Em segundo lugar, quero pedir informações sôbre as providências já adoptadas, para no futuro se evitar que se repitam atentados como êste, e ainda desejo que se não deixe à policia local o encargo das averiguações, mandando-se polícia especial de Lisboa averiguar.
O orador não reviu.
O Sr. Pedro Pita: — Pedi a palavra para em nome do bloco parlamentar me associar ao protesto apresentado, por parte da minoria católica, pelo Sr. Lino Neto, porque o acto praticado é dos que carecem de imediata repressão e enérgico castigo, pois de outra forma continuam a dar se casos semelhantes que é preciso que não se repitam.
Apoiados.
Associo-me portanto, em nome do bloco, ao protesto apresentado pelo Sr. Lino Neto.
O orador não reviu.
O Sr. Pires Monteiro: — Em meu nome pessoal associo-me aos protestos contra o atentado de que foi alvo o Sr. Bispo de Beja que colaborou na Grande Guerra.
É necessário que se castigue severamente quem praticou êsse atentado, porque a impunidade não dignifica o regime.
O orador não reviu.
O Sr. Manuel Fragoso: — Pedi a palavra para me associar aos protestos apre-