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Diário da Câmara dos Deputados
como na comissão de finanças, tendo-o sido também, igualmente, nesta casa do Parlamento.
Nestes termos, eu não pedi a palavra com o intuito de vir convencer o Sr. Carvalho da Silva ou qualquer outro Sr. Deputado, tanto mais quanto é certo que o Sr. Ministro das Finanças já mostrou à Câmara a conveniência que há na aprovação da proposta de empréstimo que está em discussão.
Pode dizer-se, Sr. Presidente, que a anterior sessão legislativa se portou na devida altura, fazendo uma boa obra, a qual se torna necessário completar, como é mester; porém, o que é realmente verdade, e que até hoje nada se tem feito de útil para o País.
É preciso que mudemos de orientação, e assim espero que todos os bons republicanos se unam mais uma vez e façam mudar esta política, que é absolutamente impossível, e que só pode agradar a todos aqueles que pretendem por todas as formas esmagar o País, isto é, aos inimigos do regime.
Levantam-se protestos da minoria monárquica.
O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — E preciso que V. Ex.ª respeite o lugar que exerce.
O Orador: — Respeito-o como V. Ex.ª não é capaz de respeitar.
O Sr. Carvalho da Silva: — V. Ex.ª vem provocar o Parlamento.
O Orador: — Chegou a hora máxima da nacionalidade portuguesa.
Muitos apoiados.
É preciso extremar os campos, colocando dum lado os que amam o seu País, os que ao seu serviço põem todo o seu esfôrço e toda a sua inteligência, os que desinteressadamente o servem e prestigiam, e do outro, os maus portugueses, aqueles que na sombra procuram apenas locupletar-se à custa da miséria nacional.
Muitos apoiados.
Eu pregunto, Sr. Presidente, àqueles que sistematicamente me acusam, sé me não é permitido fazer alguma cousa em favor dêste desgraçado País, ou se há soberanas razões que exijam que o povo, explorado pela ganância irrefreável dos aventureiros, saia para a rua em movimentos de indignação e de protesto.
Muitos apoiados.
Felizmente eu estou convencido de que os homens que tanto batalharam pela proclamação da República, e que nos seus partidos representados nesta casa do Parlamento ocupam hoje um lugar de proeminente destaque, não estarão dispostos, porque são homens de honra, a fazer o jôgo daqueles que por todas ás formas procuram estrangular a República e afundar a Nação.
Apoiados.
Por êsse País fora há muitas criaturas que, cheias de confiança no futuro da nacionalidade, acolheram com verdadeiro alvoroço a proposta do empréstimo.
Para que havemos de ser nós os primeiros a descrer da sua eficácia?
Porque, não nos unimos todos em volta dessa proposta, melhorando-a, se precisa de ser melhorada, para esmagar essa corja que pretende o pior?
É por isso, Sr. Presidente, que eu estranhei e lamentei que um membro desta casa do Parlamento não hesitasse em ir para o congresso do seu partido afirmar que tinha elementos na sua mão bastantes para impedir a votação da proposta do empréstimo...
O Sr. Alberto Xavier: — Nesta hora não há o direito de fazer acusações aos republicanos de boas intenções.
O Orador: — Não podia deixar dê frisar o facto, porque entendo que a uma cousa se deve opor outra cousa e não uma fantasia.
Eu já tive ocasião de dizer que — não é meu propósito imiscuir-me na discussão da proposta do empréstimo, mas a forma por que tenho visto discuti-la levam-me, mau grado meu, a fazer algumas considerações sôbre o assunto.
Até o meu prezado amigo Sr. Barros Queiroz foi desta vez exagerado em adjectivos.
Nós fizemos alguma cousa que marcou na história da República e do regime tributário, concorrendo para sanear a nossa moeda.
Não discuto se o nosso regime tributário está ou não perfeito, o que afirmo é que alguma cousa fizemos.