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Sessão de 10 de Abril de 1923
Devemos colhêr dos factos aquele ensinamento superior que dêles se desprende. A Pátria é devido não apenas o sacrifício da nossa comodidade, mas o sangue e a vida dos seus filhos; e porque assim o entendemos, êste lado da Câmara dá à proposta de V. Ex.ª o seu inteiro aplauso e a sua enternecida solidariedade.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Ferreira de Mira: — Sr. Presidente: êste lado da Câmara associa-se, com profundo sentimento, à homenagem proposta por V. Ex.ª
O dia 9 de Abril passou a ser contado entre nós como um dia de luto. Com sangue português ficou ensanguentada uma região onde até então não tínhamos combatido. Os nossos soldados estavam habituados a lutar em África e na Europa, mas nesta, próximo das suas fronteiras, àparte a campanha napoleónica.
Os nossos soldados, combatendo agora tam longe, com brilho e valentia, mostraram mais uma vez que obedecem sempre que se lhes diga ou prove que é necessário combater, que a Pátria precisa do seu esfôrço, do seu sangue.
Sr. Presidente: eu desejaria neste momento não dizer mais do que estas simples palavras, que são franca e sinceramente repassadas de dôr. Mas nem sempre se respeitam as ocasiões de luto, para só de luto se tratar. Por vezes trazem-se nesses momentos questões que melhor fora que fossem discutidas em outras ocasiões, e eu senti ainda há pouco os ecos das campanhas de há cinco ou seis anos.
Não são bons êsses ecos para êste momento, nem são próprios dum momento de luto.
Eu creio que não houve em Portugal gente de bom conceito que não estimasse a vitória dos aliados e que não desejasse fazer por êles tudo quanto pudesse fazer.
Não é decerto necessário lembrar à Câmara que houve simples modos de ver sôbre se deveríamos oferecer ou não o nosso concurso para a guerra, mas nunca o negando.
Não creio que ninguém, com responsabilidades, tivesse dito em Portugal: «não iremos para a guerra quando no-lo peçam». É necessário prestar justiça a todos; é necessário que a lama que se atirou por várias vezes não se continue atirando, sob o pretexto de, que a História a tal respeito mentirá. É cedo para se discutir êste assunto, para se discutir quem tinha patriòticamente razão; e, admitindo mesmo que a razão estivesse dum lado e doutro lado a sem razão, o que, contudo, havia dos dois lados era grande sinceridade em bem servir o seu país.
Sr. Presidente: quero fechar estas breves considerações por palavras semelhantes àquelas com que as iniciei.
Os soldados portugueses mostraram mais uma vez na campanha de França, como manifestaram na campanha de África, quanto são disciplinados, obedientes e dedicados em servir o seu país.
O 9 de Abril foi realmente uma data dolorosa para nós; hoje, como nos anos seguintes, ela há-de sentir-se e há-de ser justamente comemorada. A essa comemoração me associo pessoalmente, e do mesmo modo associo os votos dêste lado da Câmara.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Lino Neto: — Sr. Presidente Portugal, embora um povo pequeno, não é dos que menos têm contribuído para a civilização universal. O esfôrço da sua raça começou por dar à sua organização administrativa uma tal perfeição como não tem podido ser atingida em qualquer parte do mundo.
No que diz respeito à organização municipal, foi Portugal que mais contribuiu para se difundir e generalizar a civilização da Europa.
Pelas suas descobertas e conquistas, foi o nosso país que iniciou e desenvolveu os processos de colonização moderna, formando o Brasil, que tem sido um dos paladinos mais poderosos da humanidade, do progresso e de tudo quanto é bom e belo.
Mas sobretudo o que caracteriza Portugal na sua acção é o desprendimento pelos interêsses materiais, é o seu poder de idealização, é a sua despreocupação de realidades materiais, é, em suma, o espírito de sacrifício e abnegação.
A nossa intervenção na guerra e o 9