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Diário da Câmara dos Deputados
Consinta-me, porém, a Câmara duas palavras apenas em meu nome pessoal e como Deputado independente.
A data que hoje se comemora é mais do que a data da batalha de La Lys. O 9 de Abril é a data com que se pretende rememorar o esfôrço magnífico da Raça Portuguesa através dos campos das batalhas ao lado dos aliados.
A batalha de La Lys não foi uma derrota, como já aqui se disse, mas uma consequência da situação tática em que as tropas portuguesas se encontravam. Já alguns oradores se referiram à situação moral dessas tropas e não é agora ocasião de repetir essas afirmações, mas, fôsse qual fôsse a sua situação moral, era uma divisão que se tinha que bater com dez divisões. A missão era de sacrifício.
As tropas portuguesas estavam em primeira linha, tinham a missão de vigilância e de demorar o adversário, dando tempo a que viessem as reservas. A divisão portuguesa, depauperada por uma longa permanência nas trincheiras, nessa vida exaustiva de prolongadas vigílias, minada pelo derrotismo criminoso dos que aqui detinham o Poder, cumprirem o seu dever. Morreu no seu pôsto ou foi feita prisioneira e nesse dia os alemães não avançaram na extensão, em que o fizeram antes e depois nas suas formidáveis ofensivas.
Neste momento em que se comemora a data de 9 de Abril quero recordar que hoje passa o 7.º aniversário dum outro, facto notável da nossa história colonial, que correu em Moçambique.
Depois de ter sido derrubada há mais de vinte anos, foi há sete anos arvorada de novo no chamado triângulo de Quionga a bandeira portuguesa. Era êste facto que eu queria recordar.
Associando-me à proposta, julgo que esta data, longe de ser dolorosa para Portugal, é uma data em que nos cumpre glorificar aqueles que souberam cumprir o seu principal dever cívico e que morreram nobremente no chamado campo de honra E, Sr. Presidente, eu faço ainda os mais sinceros votos por que todos nós procuremos também honrar a herança moral que êsses heróis nos legaram, trabalhando porfiadamente, trabalhando honestamente, todos unidos no mesmo sentimento patriótico, as bandeiras das diversas facções políticas como que constituindo a escolta de honra da bandeira nacional.
Visto que se comemora um feito militar, eu desejaria que o exército e armada da República fossem, instituições prestigiadas, pelo cuidado, pelo desvelo, pela solicitude que a todos deveriam merecer, porque, Sr. Presidente, após a guerra, e não obstante essa bela teoria de paz perpétua ou de paz universal, não obstante a criação da Sociedade das Nações, é o próprio estatuto dessa Sociedade que no seu artigo 8.º impõe que todos os Estados, pertencendo a essa Sociedade das Nações, devem ter as suas instituições militares em condições de lhe prestarem colaboração o de defenderom a integridade dos respectivos territórios e a honra das suas nacionalidades.
Parece-me, pois, que a data de hoje deve marcar o início do ressurgimento do exército e da armada, devendo nós dedicar aos trabalhos de aperfeiçoamento das nossas instituições militares aquele cuidado que até hoje, após quatro anos de paz, não lhes tem sido votado. Só por medidas fragmentárias se tem procurado atender não às bases da colectividade, não ao engrandecimento do exército e da armada, mas a situações pessoais o de quadros.
É contra tal orientação que sempre tenho protestado.
Sr. Presidente: lembraram-se já aqui alguns nomes, tendo-se o ilustre Deputado Sr. Jaime de Sousa referido a um antigo parlamentar, Carvalho Araújo, meu querido e glorioso companheiro ao sul de Angola.
Permita-me V. Ex.ª que rememore um nome que a todos nós merece consideração e respeito. O nome de António Granjo, respeitado e estimado pela sua impecável correcção, pela sua magnífica coerência. Mobilizado como miliciano, não hesitou, quando podia alegar a sua situação de Deputado, em marchar para França e chegado lá foi, passadas vinte e quatro horas, para as trincheiras, na mesma tarde em que o inimigo fazia um raid dos mais violentos.
No momento em que comemoramos os mortos da guerra, lembro também o nome do Afonso Pala, que, acompanhando uma