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Sessão de 10 de Abril de 1923
expedição à África, esteve no ponto de combate e foi ferido por uma bala inimiga, morrendo com a lembrança da Pátria, e dizendo que morria tranquilo por saber que a República tinha voltado à normalidade constitucional. As suas últimas palavras recebi-as na manhã de 18 de Setembro, e foram para suas estremecidas filhas, e para o bem da República.
Eram êstes dois nomes que queria rememorar, e agora permita-se-me que faça um aditamento à proposta do V. Ex.ª, Sr. Presidente. Êsses dois minutos de silêncio sejam passados estando todos de pé voltados para a Batalha, templo da Pátria, onde estão as cinzas dos simbólicos Soldados Desconhecidos, cada qual entregue às suas religiões, todos unidos do mesmo sentimento de patriotismo e ambicionando o nosso ressurgimento, a prosperidade da República, e com fé no prestígio da nossa Pátria.
Tenho dito.
O Sr. Brito Camacho: — Sr. Presidente: em meu nome pessoal, quero associar-me à proposta que foi feita para se prestar homenagem aos nossos soldados que faleceram na guerra, na investida de Abril.
Mas não foi só por isso que pedi a palavra; pedi a por me parecer ter ouvido nos discursos proferidos alusões que ou não podia deixar sem reparo, como é de justiça.
Parece-me ter ouvido dizer que havia pessoas que invocaram as suas qualidades de Deputados para não irem para a guerra.
Em 1916 as Câmaras eram constituídas como todos sabem.
Cumpre-me esclarecer êste facto, que efectivamente não deixa de ser grave, sobretudo invocado num momento tam solene como o que passa.
Eu, Sr. Presidente, era, e sou ainda, médico militar. Convém saber-se que o era, mio vá alguém imaginar que fugi ao comando de tropas em África.
À data em que foi declarada a guerra encontrava-me numa situação que eu tinha querido desde que só implantou a República, que era a situação de licença ilimitada.
Não querendo fazer carreira pela tropa, e não desejando aceitar oferecimentos generosos do Govêrno Provisório, colocando-mo em qualquer comissão daquelas em que pouco se trabalha, mas alguma, cousa se ganha, sobretudo tempo para promoções e reforma, passei à situação que mais convinha à minha condição de político militante. Tendo em Outubro de 1911 sido reintegrado, fiz seguidamente requerimento para passar à situação de licença ilimitada, porque, de facto, não queria fazer carreira pela tropa.
Instâncias do Ministro da Guerra de então, que era o Sr. general Correia Barreto, levaram a demorar o deferimento do meu requerimento, porque entendia que eu devia aceitar uma daquelas comissões em que podia estar sem nenhum escândalo, porque de si não eram escandalosas, e se o fossem, elas existiam em grande número. Foi nessa situação que mo veio encontrar a guerra em 1914 e a nossa entrada na guerra em 1916.
Quando entrámos na guerra, Sr. Presidente, tinha eu deixado o exercício clinico havia bons dezasseis anos, porque era, como já disse, médico militar — capitão médico — e deu-se até o caso curioso de em dado momento eu ser o mais antigo capitão médico de todos os exércitos do mundo. Sendo chamado ao serviço, deixei de estar na situação de licença ilimitada; e um dia, em Fevereiro, não me lembro a quantos, mas recordo-me que a um sábado, eu recebi uma ordem do Ministério da Guerra para ali me apresentar. Inquiri do que se tratava; foi-me dito da 1.ª Repartição que tinha de embarcar para a África na quinta-feira imediata.
Peço à Câmara que considere estas datas: a um sábado, recebi ordens para embarcar para a África na quinta-feira seguinte. Eu, que interrompi a minha carreira e que não tinha mesmo farda, teria de fazer em quatro dias as minhas toilettes militares para ir para a África. Havia de pedir ou uma dispensa de embarque, e era então muito desagradável pedir fôsse o que fôsse ao Ministério da Guerra, ou de recorrer às minhas imunidades parlamentares.
Entendi, entendo hoje e entenderei sempre, emquanto houver Parlamento, o respectivo direito, que qualquer Ministro não pode afastar um Deputado à sua vontade.