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Sessão de 20 de Abril de 1923
estarem a preparar um movimento revolucionário e de tramarem contra a Pátria.
Ainda hoje, na maior parangona da tipografia dêsse jornal, em grande en-tête, O Mundo refere aquela acusação. Depois, em artigo de fundo dá a entender que os monárquicos querem provocar uma intervenção estrangeira no nosso país.
Sr. Presidente: não é processo novo, eu bem o sei, o facto de o Sr. Presidente do Ministério, quando se vê atrapalhado pela situação interna do seu partido, vendo iminente uma scisão, inventar sempre uma revolução monárquica, para assim o espírito simplista dos republicanos convictos e sinceros se deixar dominar por esta idea e não atacar S. Ex.ª nos seus actos governativos.
Em nome dêste lado da Câmara, repilo com os meus mais indignados protestos esta afirmação do jornal O Mundo, e preciso que o Sr. Presidente do Ministério me faça o favor de me dizer se realmente há qualquer plano da parte dos monárquicos tendente a alterar a ordem pública.
Por minha parte, em nome dêste lado da Câmara, devo declarar a S. Ex.ª que os monárquicos portugueses não pensam neste momento fazer qualquer movimento revolucionário.
São cada vez mais monárquicos e cada vez estão mais convencidos de que só a monarquia pode salvar o país; mas não pensam vir fazer, repito, qualquer movimento revolucionário.
Acusam-se até os monárquicos do lançamento do bombas, e a êste respeito, pregunto quais as providências enérgicas que o Sr. Presidente do Ministério tem tomado contra os infames atentados praticados em Lisboa.
Não compreendo que haja um Govêrno que não reprima êstes vis e infamíssimos atentados.
Diz-se também neste jornal que os monárquicos provocam as revoluções, lançando constantemente boatos de alteração da ordem pública.
Eu pregunto: quem é que tem lançado nesta Câmara e lá fora boatos de revoluções?
Eu pregnnto se não é o Sr. Presidente do Ministério que, cada vez que tem de falar acêrca da carestia da vida, deixa transparecer que está iminente um movimento revolucionário.
Muito pensada e ponderada tem sido a acção dos monárquicos nesta melindrosíssima questão da carestia da vida, a que é preciso atender com medidas eficazes e decisivas e não com fogos de vistas para o espírito simplista do povo, como o Govêrno tem feito.
Eu, que sei respeitar as ideas dos meus adversários, faço justiça ao povo republicano sincero e convicto que realmente quere que se atenue a carestia da vida, que é cada vez maior.
Também nós o queremos, mas queremos que isso se faça com medidas concretas e não por forma á agravar ainda mais êste gravíssimo problema.
Se em nossa mão estivesse poder melhorar a situação, faríamos tudo quanto possível fôsse para isso.
Peço ao Sr. Presidente do Ministério que informe a Câmara sôbre se sabe alguma cousa acêrca dos boatos propalados pelo jornal O Mundo.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (António Maria da Silva): — O Sr. Carvalho da Silva preguntou se eu sabia alguma cousa acêrca da notícia que veio publicada no Mundo.
Não sei, nem posso estar a averiguar os boatos de que se fazem eco os jornais.
O Sr. Carvalho da Silva (interrompendo): — Eu preguntei se V. Ex.ª tinha a confirmação dos boatos.
O Orador: — Disse ainda S. Ex.ª que quando há qualquer dificuldade no Partido Republicano Português se arranjam pavorosas.
Ora, sabe toda a Câmara que os govêrnos da minha presidência nunca fugiram à discussão dos seus actos; alguns dêles têm até a aprovação da minoria monárquica.
A carestia da vida, sabe bem o Sr. Carvalho da Silva quem a provoca.
São as constantes ameaças da ordem pública.
Diz S. Ex.ª que os monárquicos não conspiram.