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Diário da Câmara dos Deputados
Como pode S. Ex.ª responsabilizar-se pelos seus correligionários?
Disse S. Ex.ª que o Govêrno nada tem feito para impedir a ganância; esqueceu-se da lei dos lucros ilícitos, que S. Ex.ª tanto combateu.
O Sr. Carvalho da Silva: — Isso é fogo de vista!
O Orador: — Não sei, nesse caso, porque V. Ex.ª tanto contrariou a sua aprovação.
Não sei porque os monárquicos tanto se incomodam com a questão da Companhia das Lezírias,
Apoiados.
As galenas dão vivas e aplaudem o orador.
O Sr. Presidente: — Previno as galerias que não podem intervir no debate.
Se o caso se repete, ordeno que sejam evacuadas.
O Orador: — O povo sabe bem quem é que procura trabalhos para a dignificação do País e aqueles que na sombra procuram a sua desgraça manejando a arma traiçoeira da carestia da vida.
Há jornais monárquicos que preconizam a revolução.
Terminando: a resposta que dei a V. Ex.ª é que venha a desordem de onde vier, emquanto eu fôr Govêrno hei de reprimi-la, pois estou certo de que o exército e a armada saberão cumprir o seu dever.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Carvalho da Silva: — O Sr. Presidente do Ministério interpelado por mim sôbre se confirmava os boatos e afirmações do jornal O Mundo, de uma maneira concreta e positiva, limitou-se a divagações que nada tinham com a pregunta que eu formulei.
S. Ex.ª atacou-me por eu o interpelar por um artigo publicado num jornal republicano.
O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (António Maria da Silva: — Estranhei, não ataquei.
O Orador: — Não contesto a V. Ex.ª o direito de estranhar que eu o interpelasse por um artigo publicado num jornal.
As palavras de S. Ex.ª querem dizer que S. Ex.ª não se solidariza com as afirmações feitas por êsse jornal. É a conclusão que temos de tirar das declarações de S. Ex.ª
E para êste ponto que quero chamar a atenção da Câmara e do País.
S. Ex.ª referiu-se a outros pontos. Falou na Companhia das Lezírias, falou em manobras e especulações e eu contra êsse lacto lavro o meu indignado protesto, porque nós monárquicos, nem na Câmara, nem fora da Câmara, temos feito a defesa de quaisquer especulações, seja quem fôr que as faça.
Nunca fizemos a defesa de companhias, nem de interêsses particulares. Pelo contrário, ainda há pouco, quando nesta Câmara se discutiu a proposta de lei do empréstimo, fomos nós quem mais energicamente combateu as habilidades dos especuladores que queriam mais uma vez sugar o País.
Quando discutimos essa questão, fomos os primeiros a defender os interêsses do Estado.
O Govêrno sempre encontrou em nós o auxílio mais poderoso e completo para defender os interêsses do Estado, contra interêsses ilegítimos.
Ainda agora, quando se discutiu o contrato com a Companhia dos Tabacos, quem proferiu o discurso mais brilhante em defesa dos interêsses do Estado foi o meu querido amigo, Sr. Morais Carvalho.
Apelo para a opinião honrada dos Srs. Deputados, se não é verdade que o Sr. Morais Carvalho, não fez outra cousa no seu discurso, do que esforçar-se para que os interêsses do Estado ficassem, bem acautelados.
Realmente é descabida essa insinuação do Sr. Presidente do Ministério.
Nós monárquicos, pelo contrário, sempre combatemos a mistura de negócios com a política.
Há um ponto em que todos os portugueses podem e devem entender-se: é no ponto da moral.
E por isso que, estando nós na extrema direita, temos a honra de estar algumas