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Diário da Câmara dos Deputados
Mas há aqui verbas que não quero deixar de votar.
Há uma verba para reparações dos hospitais civis de. Lisboa na importância de 400 contos.
Todos sabemos que tal verba é insuficiente, porque êsses hospitais encontram-se em estado desgraçado e todos os dias há reclamações, até na imprensa, para que se remedeie êsse estado.
Considero tal verba irrisória e espero que o Sr. Ministro do Comércio remedeie o mal apresentando uma proposta a respeito do artigo 44.º, dêste orçamento.
Vejo inscrita para construção e reparação de edifícios públicos a verba de 2:400 contos.
Todos sabem que uma tal verba é deminuta, e ainda no ano passado houve que votar créditos- extraordinários para semelhante fim.
Esta verba não chegará para as despesas do pessoal, quanto mais para as despesas de material.
Também pelo artigo 51.º, para as casas económicas de Lisboa, são destinados 1:400 contos.
Devo dizer que estas casas económicas de Lisboa, que representam uma necessidade para a população de Lisboa, constituem uma cousa que realmente se tem feito com utilidade.
Nós, dêste lado, nenhuma responsabilidade temos na administração dezembrista, mas temos de dizer que tudo quanto neste ponto se clame contra essa administração é injusto, por que é a única cousa que se tem feito, e o único dinheiro bem empregado para atender às necessidades da população.
As obras têm progredido e o dinheiro tem tido uma aplicação útil, ao passo que nos Bairros Sociais, cuja responsabilidade não é do período dezembrista, se têm gasto milhares de contos, só para dar lugar a mais um escândalo da administração da República.
Tenho pena, como disse, de não ter os meus apontamentos, e não estar presente o meu colega Cancela de Abreu, porque muito teria que dizer sôbre esto orçamento.
E assim, Sr. Presidente, eu devo dizer que gostava muito que o Sr. Ministro do Comércio me fizesse o favor de dizer se reputa suficientes estas três verbas a que acabo de me referir, isto é, a relativa à conservação dos hospitais de Lisboa, a relativa ao serviço de melhoramentos dos edifícios públicos e ainda a relativa às casas económicas de Lisboa.
Creio que o Sr. Ministro do Comércio não ouviu bem a pregunta que lhe fiz, porém eu vou repeti-la a fim de ver se S. Ex.ª me elucida sôbre o assunto.
O que eu desejaria saber era se S. Ex.ª reputa suficientes estas três verbas que vem inscritas no orçamento, isto é, a que diz respeito às casas económicas, a que diz respeito ao serviço de melhoramentos nos edifícios públicos e a relativa à conservação dos hospitais do Lisboa, muito principalmente à última destas verbas, pois V. Ex.ª sabe muito bem as constantes reclamações quê tem sido apresentadas, pois a verdade é que os hospitais de Lisboa necessitam de obras, sem as quais não sei como poderão continuar a prestar os serviços que têm prestado até hoje.
Vejo que o orçamento consigna apenas a verba de 400 contos, quando mo pareço que essas obras orçam por 1:000 contos.
O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (Queiroz Vaz Guedes): — Devo dizer-lhe que é no orçamento do Ministério do Trabalho que V. Ex.ª encontra o que falta aqui.
Nesta altura estabeleceu-se larga discussão entre o orador, o,. Sr. Ministro do Comércio e o Sr. António Fonseca.
O Orador: — Devo dizer, em abono da verdade, que acho péssimo êsse sistema de administração, pois entendo que todas as obras deviam estar inscritas no orçamento do Ministério do Comércio.
Devo dizer, repito, que êsse é um péssimo sistema de administração, e é justamente por isso que algumas obras importantes estão paradas deve haver dois anos, como, por exemplo, as do Manicómio, acabando por se estragar tudo quanto está feito.
O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (Queiroz Vaz Guedes): — Não diga V. Ex.ª isso, pois eu já tive ocasião de pessoalmente ir ver essas obras, e verifiquei a perfeição com que elas têm sido feitas.