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Sessão de 14 de Maio de 1923
Penso também, como o Govêrno de Vossa Alteza, que não pode haver mal entendidos em assunto de tanta magnitude e por isso explico neste telegrama a minha interpretação resultante da correspondência oficial trocada, porque só essa pode pesar em negociações desta natureza, e para que de futuro não possam voltar a surgir êsses mal entendidos, ao menos da minha parte, de novo peço a Vossa Alteza que de aqui para o futuro a matéria seja tratada só e directamente com Lisboa.
Mesmo porque eu não posso tomar qualquer compromisso sôbre a posição indicada pelo Govêrno de Vossa Alteza no telegrama de 21 do corrente.
As declarações amigáveis tantas vezes feitas de lado a lado — é minha opinião, e neste ponto interpreto bem a opinião da província de Moçambique — só são compreendidas quando entrarem no domínio das realizações práticas.
Ao meu Govêrno vou transmitir isto mesmo».
Em 24 de Março, à tarde, o agente da União, que tinha recebido do seu govêrno um largo despacho cifrado, procurou o encarregado do govêrno.
Na conferência que teve lugar, o agente da União frisou que efectivamente o encarregado do govêrno tinha inteira razão na sua interpretação, mas que o govêrno da União não estava disposto a aceitá-la. Seguidamente o agente da União pediu ao encarregado do govêrno para dar a aceitação às doutrinas expostas pelo seu govêrno no Parlamento do Cabo em 13 de Março.
O encarregado do govêrno recusou-se a dar essa aceitação, com o fundamento de que não o podia lazer, porque a correspondência trocada levava a continuação de toda a Convenção em modus vivendi.
E o encarregado do govêrno continua na ignorância completa do que fora, há muito tempo, ultimado entro o Ministro das Colónias e o govêrno da União.
Em sucessivos telegramas de informação insiste com o Ministro das Colónias na vantagem do ser mantido o statu que ante em relação a toda a Convenção.
É curioso que o Ministro não responde ao encarregado do govêrno, não o elucida, não o orienta!
Não proíbe que continue a negociar nos termos em que o está fazendo, nem o autoriza a fazê-lo!
O Ministro deixa correr o marfim. Admirável e estupendo!
Vejamos o que o encarregado do govêrno diz ao Ministro das Colónias nesses telegramas.
No telegrama de 15 de Março, o encarregado do govêrno, relatando as suas negociações com o govêrno da União, salienta que o comércio de Lourenço Marques e União apoiam o seu ponto da vista e afirma ter todos os motivos para supor que Semuths acabará por o aceitar.
No telegrama de 23 de Março é mais explícito:
«Fazendo em Lisboa séria resistência sentido continuação Convenção até novo acôrdo ou rompimento definitivo negociações, estou absolutamente convencido govêrno União acabará por ceder. Qualquer modus vivendi que aproveite só parte Convenção não será bem visto Moçambique embora dinheiro trazido por indígenas que aliás sucessivamente irá também deminuindo. Condições modus vivendi descritas pelo govêrno União seu Parlamento, só a ela aproveita».
No telegrama de 26 de Março faz um apêlo:
«Continuo absoluto convencido que se V. Ex.ª e govêrno mantiverem com firmeza mesmo ponto de vista modus vivendi (prorrogação do toda a Convenção) será aceita naqueles termos até novo convénio. Colónia profundamente interessada motivos óbvios solução provisória referida e se me é permitido rogo pessoalmente a V. Ex.ª seu máximo esfôrço sentido indicado».
Que havia de fazer o Ministro das Colónias, se já de há muito tinha fechado o acôrdo com os mineiros e êstes já tinham conseguido que o Parlamento do Cabo aprovasse o modus vivendi, somente referente à mão de obra?
O encarregado do govêrno bradou no deserto e o mesmo aconteceu aos colonos de Moçambique e ao Conselho Legislativo da Colónia.