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Diário da Câmara dos Deputados
V. Ex.ª sabe quanto tem aumentado o valor de todo o rendimento, e eu pregunto porque se não há-de exproriar qualquer propriedade, seja a quem fôr, adoptar aquele princípio que aqui se votou o ano passado e que representa o único legítimo que em todos os países é adoptado.
Eu e os meus correligionários políticos não votamos êste projecto sem saber, realmente, se vamos contribuir para que se pratique um verdadeiro abuso, ou para que se pague realmente o valor da propriedade.
Não me importa saber quem é o expropriado; mas importa-me saber se nós somos coerentes votando aqui as alterações à lei de 2 de Junho de 1912, e agora esta de expropriação.
O orador não reviu.
O Sr. António Maia: — Agradeço à Câmara o permitir-me que eu use da palavra para explicações, dando a razão ao meu voto.
Disse eu, ao falar sôbre a acta, que o raid, cujo plano havia sido elaborado pelo Sr. Sacadura Cabral e apreciado pelo Sr. Ministro da Marinha, era um bluff. Tenho, pois, de provar à Câmara a razão destas palavras.
Pela organização dada ao raid projectado, o raid tem de ser feito por duas maneiras: por um ou dois pilôtos e com a colaborarão do Brasil, não querendo já falar da colaboração da Espanha.
Pilôtos portugueses e pilôtos brasileiros num raid aéreo à volta do mundo!
Para que êsse raid se possa classificar de raid é necessária a continuidade, em que, pelo menos, numa dessas partes seja a continuação da solução de continuidade.
É necessário para isso que a parte material, o avião, e a parte pessoal, o aviador, sejam sempre os mesmos. Então temos um raid feito com o mesmo pilôto e o mesmo avião; mas como é completamente impossível que o motor possa trabalhar seguidamente o número de horas precisas para fazer a volta ao mundo completa, evidentemente temos de admitir a hipótese que Sacadura Cabral admite, e muito bem, do aparelho. Temos a primeira solução de continuidade material. Ipso facto a segunda parte componente não pode ter solução de continuidade. Mas então, saindo daqui o aparelho com aviador português, faria a primeira étape até ao ponto da substituição do aparelho e pilôto, continuando até nova substituição.
Eu pregunto se isto é raid!
Se eu amanhã fôr a pé coxinho até a Amadora, e fôr substituído tantas vezes quantas necessárias, há o direito de dizer que fui até a Amadora num raid de pé coxinho?
A quem cabe a glória do raid à volta do mundo: àquele que o continua ou inicia?
Só podemos admitir a colaboração do Brasil, chegando portugueses ao fim. Mas então dir-se há que quisemos a colaboração do Brasil só para o efeito do dinheiro, do navio.
Em vez de colaboração em uma nação amiga, teríamos feito o que não devíamos fazer.
Mas a viagem ao mundo planeada por Sacadura Cabral ainda tem outra cousa para que chamo a atenção da Câmara.
Pretende-se, para arranjar dinheiro, fazer exposição num navio.
Deve o navio exposição percorrer os pontos que interessam ao comércio português; mas eu pregunto: se, porventura, no ponto em que se está procedendo à exposição, o navio fôr chamado para socorro, êle poderá dar socorro?
Mas há mais, e para isto chamo também a atenção de todos os oficias de marinha.
Se êsse navio é destinado a levar sobressalentes, óleos, gasolina e o pessoal indispensável para se fazer o raid, eu pregunto se êle comportaria, além disso, o necessário para o mostruário de uma exposição em que o comércio português pudesse lucrar alguma cousa.
Um àparte do Sr. Agatão Lança.
O Orador: — Diz-me o Sr. Agatão Lança que talvez nos entrefundos do navio se possa fazer essa exposição.
Creio, porém, não ser êsse o lugar mais próprio para tal fim.
Eis, por consequência, Sr. Presidente, de uma maneira sucinta e rápida, porque não quero tomar tempo à Câmara, as razões por que declarei que não dava o meu voto à organização apresentada pelo Sr. Sacadura Cabral. Não quero com isto dizer — e friso-o bem — que se o Sr. Sa-