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Diário da Câmara dos Deputados
O Orador: — A comissão do Orçamento deu uma extraordinária importância ao desenvolvimento da instrução militar preparatória.
Pretendeu dar-lhe outro aspecto, estimulando neste ponto as iniciativas particulares, de maneira que as várias sociedades chamadas de instrução militar preparatória e a Associação dos Escoteiros Portugueses procurem por todas as formas o desenvolvimento físico da nossa mocidade, apresentando na época própria o indivíduo com uma completa educação física e os conhecimentos gerais militares indispensáveis que o regulamento especial de instrução militar preparatória exige.
Para êsses indivíduos o Ministério da Guerra poderia reduzir as escolas de recrutas, exigindo que se apresentem fardados à sua custa, permitindo-lhes que escolhessem as unidades em que deviam prestar serviço.
Sobretudo é necessário que as escolas de recrutas não tenham um programa inflexível, invariável para todos os mancebos.
É preciso que as escolas de recrutas sejam graduadas conforme as aptidões dos mancebos, quando se apresentem ao serviço militar.
Foi um grande êrro copiar textualmente a organização militar suíça.
A organização do exército deve estabelecer maiores dificuldades e exigências para aqueles indivíduos que tenham menos habilitações. O resultado seria quê a educação cívica tornava-se mais importante do que é entre nós.
Os indivíduos que se apresentassem com maiores aptidões, podiam ter a escola de recrutas mais reduzida, quando fossem chamados ao serviço militar.
O discurso será publicado na íntegra quando o orador haja revisto as notas taquigráficas.
O Sr. Francisco Cruz: — As cousas são o que são e não o que devem ser.
Nas actuais circunstâncias do país, não se pode estar a gastar dinheiro com muitos recrutas.
Ainda há pouco tempo teve o Parlamento de aprovar um orçamento suplementar para fazer face a despesas com o sustento dos soldados.
Para que servem muitos soldados se não há onde ir buscar dinheiro para o seu sustento?
Tenho o maior respeito pelos princípios e sempre prestei culto a êsses mesmos princípios, mas entendo que a situação do país nos impõe que durante algum tempo ponhamos de parte os princípios, embora sejam os sagrados princípios.
Se o país não pode sustentar os 20:000 recrutas, como há-de ter dinheiro para sustentar 40:000 ou mais?
Se não há material, para que servem nos tempos modernos soldados, se a guerra não se faz com fundas ou cacetes?
Sendo assim, entendo que os oficiais podem ser distribuídos pelos agregados das populações, em harmonia com um estudo feito previamente, para se fazer uma mais intensa escola militar preparatória, de maneira que os mancebos que fossem encorporados como recrutas, em vez de estarem nas fileiras durante seis ou sete meses, precisassem apenas de estar um mês ou mês e meio ou dois meses, emfim, o tempo indispensável para completar a sua instrução militar.
Doutra forma não se compreende o que se chama, na reforma de 15 de Maio de 1911. o país armado, em,que todos os cidadãos devem ter conhecimentos militares para poderem defender o solo pátrio.
Entendo que se deve intensificar a instrução militar preparatória, mas numa época própria, para que não faltem braços, à agricultura.
É preciso, e para isso chamo a atenção do Sr. Ministro da Guerra, que os mancebos chamados ao serviço militar o sejam em época em que não façam falta à economia do país.
Sem querer ser desagradável para cora os ilustres oficiais do exército que me escutam, eu sou forçado a reconhecer que a caserna é quási uma escola de desmoralização.
Vozes: — Não apoiado.
O Sr. Pereira Bastos: — V. Ex.ª não pode fazer essa afirmação, porque V. Ex.ª nunca foi militar.
O Orador: — Sr. Presidente: é um facto comprovado que o soldado quando está nas fileiras por muito tempo perde o amor ao trabalho e torna-se ocioso.