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Diário da Câmara dos Deputados
ficações, e de tal ordem, que ela hoje é muito diferente do que era antigamente.
O ponto de vista actual da Inglaterra relativamente a reparações é de facto hoje muito diferente, e é por isso, Sr. Presidente, que eu dizia que o meu desejo era que por parte do Govêrno Português 5e fizesse, nesta questão, o que fez o Govêrno Francês, isto é, expondo à Câmara claramente o assunto.
Era isto que eu desejaria que se fizesse entre nós, tanto mais que se trata dum assunto que muito nos pode interessar, muito principalmente no que diz respeito aos nossos domínios e em especial à província de Moçambique.
Assim se foi vivendo até que a França, não podendo suportar um tam grande desembolso, resolveu recorrer a quantias do pagamento alemão.
Não podemos — eu, pelo menos, não o farei-entrar neste momento na apreciação das razões que cabem a cada uma das partes em conflito. Limito-me, por isso, tam somente a apontar a divergência de pontos de vista entre êsses dois países e a salientar o isolamento da Inglaterra.
Em face dêsse acentuado isolamento, qual é, qual tem sido a nossa atitude?
Eu creio que esta minha pregunta se justifica perante o silêncio que caracteriza os processos por que se orienta a nossa política internacional, tanto mais que nós estamos habituados a ver que na Câmara Francesa o Presidente do Ministério, que é incontestavelmente um dos homens públicos mais notáveis da Europa, se apressa, sempre que tal se impõe, a apresentar às comissões parlamentares a situação em que o seu país se encontra.
Porque não segue o Govêrno português o mesmo critério no que diz respeito aos problemas cuja solução nos interessa?
E preciso definirmos a nossa atitude, porque. não sabemos ainda como acabará a crise que a Europa atravessa.
Tudo isto constitui uma razão para que o espírito de quem se interessa por êstes assuntos não veja com grande clareza as questões postas em debate.
A forma por que têm sido defendidos os interêsses da Nação é de molde a exigir do Govêrno declarações mais claras
e mais precisas do que as que já fez ao afirmar que o seu procedimento se adaptaria inteiramente às decisões da conferência de Spa, a menos que o Sr. Presidente do Ministério, segundo as doutrinas de Einstein, tenha eliminado o tempo. Eu cito Einstein, mas devo dizer que não percebo nada das suas doutrinas, no que me não sinto apoucado, uma vez que o sábio ilustre que é Gago Coutinho me confessou um dia nada perceber de tam transcendentes concepções.
Mas, passemos agora a analisar a situação sul-africana, sendo de atender o que a tal respeito escreve um jornal transvaliano, definindo a sua orientação e dando um exemplo que nos interessa directamente.
Nos seus termos, o que escreve êsse jornal altera por completo a situação em que dantes se baseava a aliança inglesa, porque, exercendo-se antigamente como um meio de influência e acção nos seus domínios coloniais, que eram domínios subordinados, desde que êsses domínios estão para com a Inglaterra num perfeito pé de igualdade o caso muda muito de figura.
Nestas condições, eu creio que não seria demais preguntar se a Inglaterra teria qualquer interferência nas nossas relações com a União Sul-Africana.
Eu desejaria que o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros saísse do seu mutismo habitual, elucidando a Câmara sôbre êste ponto.
O mutismo do Govêrno revela-se nas cousas mais comezinhas.
Ainda há pouco o meu ilustre amigo Sr. Carvalho da Silva fez referência à nomeação do novo Ministro da Marinha, nomeação que, efectivamente, se efectuou sem que o Govêrno tivesse dado sôbre o caso qualquer informação à Câmara.
Consta, também, oficialmente, que já foi proposta ao Senado a nomeação do Sr. Azevedo Coutinho para Alto Comissário da nossa província do Moçambique.
Não sei se essa nomeação está já feita ou não; mas a verdade é que todos nós ignoramos o motivo da substituição do Sr. Brito Camacho nesse cargo.
Desmereceu S. Ex.ª da confiança do Govêrno, tantas vezes afirmada?
Foram razões do saúde que determi-