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Diário da Câmara dos Deputados
mais completa de que da nossa parte não podia haver para com V. Ex.ª qualquer atitude que representasse menos falta de consideração ou de estima, vamos aceitar a contraprova, submetendo nos impassivelmente ao seu resultado.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Agatão Lança (para explicações): — Sr. Presidente: falarei pouco porque me encontro mal. Tendo passado a noite gravemente doente, levantei-me às três horas e meia para vir aqui levantar o meu protesto contra o acto que se vai realizar, e protesto porque não vejo igualdade de tratamento para com todos os Deputados.
Como houvesse pedido a contraprova tardiamente, exactamente como o fez ontem um Deputado da maioria, e mais de uma vez; — apesar de ouvir aqui um àparte em surdina, que mais razão vem dar aos meus argumentos — essa maioria só me respondeu com risadas, dizendo-me: — «Ora, ora! O Sr. acordou tarde!» Se assim se tem procedido para comigo, eu pregunto a V. Ex.ª, eu pregunto à consciência honesta da Câmara se não tenho razão para formular o meu protesto e se não tive razão para manter a atitude enérgica de ontem.
Sei bem que o meu protesto nada vale, porque frequentemente aqui se dá o caso de vencer a fôrça do número contra a fôrça da razão, do direito e da justiça, mas por muito grande que seja a minha consideração pelo ilustre Presidente desta Câmara, devo dizer a V. Ex.ª que não imito, nem podia imitar a minoria nacionalista que ontem me acompanhou e defendeu a boa doutrina, e que hoje, por atenção para com o Sr. Sá Cardoso, mudou de atitude.
Por muito alta que seja, e devo dizer a V. Ex.ª que o é, a minha consideração por V. Ex.ª, mais alta é ainda pela pureza dos princípios, pela justiça e pelas normas por que uma Câmara se deve reger, normas que devem ser absolutamente iguais para todos: para a maioria, para á minoria e para independentes.
O Sr. Pedro Pita: — Nós não mudámos de atitude. Aprovámos a moção de V. Ex.ª e vamos aprová-la novamente.
O Orador: — Reconheço que não é muito parlamentar interromperem-se sessões de maneira tumultuosa, mas entendo que é muito pouco democrático, para servir determinadas conveniências, saltar por cima dos direitos e das normas estabelecidas que têm regido esta Câmara.
Apesar de tudo, eu vejo que hoje já não tenho quem me acompanhe com aquela energia que ontem tiveram, e digo que se eu não estivesse, abatido, numa enorme prostração que só a revolta que sinto, por ver que dentro desta Câmara democrática, num Parlamento da República, não são respeitados os direitos de cada um (apoiados e não apoiados), só essa fôrça força me faz falar; mas se eu estivesse num estado normal eu diria a V. Ex.ª que havia de faiar; falar sempre até impedir que a votação se fizesse.
O Sr. António Maria da Silva, Presidente do Ministério, tem jogado com todas as habilidades para se manter ao Govêrno e tanto assim que dos Ministros do começo só tem um, que é o Sr. Ministro das Colónias.
Ao Sr. Presidente do Ministério até a morte de homens eminentes lhe servo para o tirar de dificuldades; e ainda ontem correu a notícia do estado grave em que se encontrava o Sr. Presidente da República, boato que fez com que alguns Deputados mudassem de atitude, mas a minha atitude não se modificou, pois mal vai aos homens que assim modificam a sua opinião.
Eu também sou sentimental e também sou afectuoso; mas por mais alto que seja, e é, o prestígio do Sr. Sá Cardoso, eu em nada modifico a minha opinião.
Não se compreende que haja um tratamento para uns e tratamento desigual para outros.
O orador não reviu.
O Sr. João Luís Ricardo: — Pedi a palavra para responder ao Sr. Agatão Lança e dizer-lhe que S. Ex.ª não tem razão.
Dois Deputados dêste lado pediram a contraprova; garanto a V. Ex.ª que foi assim.
Eu garanto à Câmara, sob minha palavra de honra, que o Sr. Tavares do Carvalho pediu a contraprova e a seguir fez o mesmo o Sr. Abílio Marçal; mas ainda