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Sessão de 24 de Julho de 1923
àquele, repito, em que o Ministro da Guerra recebeu o meu requerimento pedindo a minha demissão e no qual acusava S. Ex.ª de parcialidade.
Eis do novo a justiça de S. Ex.ª!
Disse depois o Deputado que acaba de falar que não sabe quais os factos que tenham explicado a remessa do meu requerimento.
Não estou para citar à Câmara os casos, que se deram entre mim e o ex-Ministro da Guerra, e basta apenas dizer que as minhas queixas e reclamações eram invariavelmente metidas por S. Ex.ª numa gaveta, fugindo assim a dar-lhes solução como determina o regulamento disciplinar.
Ainda e sempre a justiça e a imparcialidade de S. Ex.ª
Mas não pára aqui! Ouçam mais!
A propósito duma pequena interpelação — se interpelação se lhe pode chamar — que eu aqui realizei em Março, o Sr. Ministro da Guerra vem a esta Câmara declarar que toda a aeronáutica, toda a aviação eram um coió de indisciplinados, de homens desonestos, etc., e que nestas circunstâncias tinha mandado proceder urgentemente a uma inspecção extraordinária a todos êsses serviços.
Pois até hoje, Sr. Presidente e Srs. Deputados, essa inspecção nem sequer começou.
Que se pretendeu, então, fazer?
Apenas pôr em jôgo a honra do Deputado que então interpelara o Ministro, para se lhe calar a boca. E eu acusado em pleno Parlamento de ser desonesto — porque fazia parte dos serviços de aviação, onde só havia pessoas desonestas — não tinha outro caminho a seguir senão o de pedir a minha demissão de oficial, o que efectivamente fiz, mas mandando a data em branco para essa demissão só ter lugar depois da tal inspecção.
Isto mesmo declarei, nessa ocasião, na Câmara!
Nessa altura a imprensa, interpretando muito mal as minhas palavras, deu origem a que se dissesse lá fora que eu vinha aqui tratar duma questão pessoal e de dinheiro.
A única forma de ilibar a minha dignidade e a minha honra era, continuo a afirmá-la, a de apresentar o meu pedido de demissão, mas nas condições em que o fiz, isto é, para que ela me fôsse dada depois da tal inspecção.
O Sr. Presidente da Câmara, na presença do Sr. João Luís Ricardo, para cujo testemunho apelo, solicitou de mim, a rogo de todos os meus colegas desta casa do Parlamento, desistisse do meu pedido de demissão.
Eu respondi que só condicionalmente poderia desistir e uma das condições que fiz foi a de que todos os casos a que o Ministro não dera solução fossem resolvidos em primeiro lugar.
O que fez o Ministro que havia aceitado aquelas imposições?
Não mandou fazer a inspecção; não resolveu os casos; faltou ao seu compromisso!
E não cumpriu o regulamento disciplinar como provei!
Eu tenho uma só palavra. Não posso continuar no exército!
Referiu-se ainda o Deputado que acabou, de falar à maneira como havia sido feita a minha interpelação. A maneira como cada um dos Deputados faz interpelações é a maneira que lhe é própria e que lhe está no espírito, e, como no meu espírito está sempre a intenção de dizer as verdades, foi nesses termos que fiz a interpelação.
Teria com ela magoado o ex-Ministro da Guerra?
Não sei, nem me impôrto.
Estou-o magoando?
Não sei, nem me impôrto.
Sei só que tomo por inteiro a responsabilidade das minhas palavras.
Mas o Sr. Deputado que falou há pouco ainda se referiu ao voto de confiança que a Câmara lhe dera.
Quem assistiu ao que se passou aqui deverá ter notado uma cousa curiosa e que foi a Câmara hesitar, depois de o Ministro ter pôsto a questão de confiança, e ter sido eu — eu que levantara a questão nesta Câmara — quem disse que não hesitassem, que dessem o voto de confiança que o Ministro pedia!
E vem S. Ex.ª falar no voto de confiança que a Câmara lhe deu!
Disse mais o Deputado que acabou de falar que eu tinha procurado com cuidada premeditação a forma de ecoar nesta casa do Parlamento e lá fora.
Que para isso me tinha servido do facto