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Diário da Câmara dos Deputados
viços Administrativos do Exército — Do Director Geral. — S. Ex.ª o Ministro da Guerra, constando-lhe que em algumas unidades pagaram aos sargentos a melhoria de vencimentos concedida pela lei 11.º 1:422, encarrega-me do dizer a V. Ex.ª só digne fazer constar a todas as autoridades sob as suas ordens que êsse aumento só pode ser abonado depois de publicadas as novas tabelas modificadas, como claramente determina o artigo 3.º da mesma lei. Emquanto o Govêrno não modificar as tabelas n.ºs 8 e 9 do docreto n.º 5:070 em harmonia com a lei não pode efectivar-se o abono. — O Director Geral».
Em virtude desta circular, cessou o abono.
Os sargentos não ficam satisfeitos e...é publicado num jornal chamado O Marte, órgão dos sargentos do exército, um artigo de fundo intitulado «Cumpra-se a lei!».
Reparem V. Ex.ªs neste artigo «Cumpra-se a lei!», Quere dizer, os sargentos voltam-se; não para os oficiais hierárquicos, mas para o chefe supremo, para o próprio Ministro da Guerra, e dizem-lhe:
«Cumpra-se a lei!».
E êste artigo é uma perfeita ameaça!
Pois bom! O ex-Ministro da Guerra, o homem que quis inabalàvelmente que o Sr. António Maia fôsse imediatamente preso jpara que a disciplina não fôsse abalada, êsse mesmo Ministro da Guerra, em face do artigo «Cumpra-se a lei!», manda publicar esta outra circular:
«Circular n.º 15, da Direcção Geral dos Serviços Administrativos do Exército — 2.ª Repartição, de 22 de Junho de 1923 — Do Director Geral: — S. Ex.ª o Ministro da Guerra encarrega-me do dizer a V. Ex.ª que. atendendo à demora inevitável da publicação da Ordem do Exército, 1.ª série, autoriza o pagamento aos sargentos dos abonos da lei n.º 1:422. só pela publicação no Diário do Govêrno n.º 132, de 21 do corrente, do decreto n.º 8:941, da mesma data. — O Director Geral».
Quere dizer, o ex-Ministro da Guerra, que quero a disciplina mantida a todo o custo, curva-se perante a imposição, dos sargentos!
E é êste homem que quere a disciplina mantida e o exército prestigiado!
Mas há mais.
Nesse jornal disseram ainda:
«Agora, que já tratamos dos nossos interêsses, vamos tratar dos interêsses dos nossos oficiais!».
Vejam até onde foi arrastado o brio e a dignidade dos oficiais do exército!
Pois bem. Êsse oficial disciplinador e disciplinado, que não podia conceber que eu fizesse dêste meu lugar uma interpolação a êle, que era Ministro da Guerra, visto ter-me castigado — não podia conceber porque isso era atentatório da disciplina do exército — êsse oficial, que era Ministro da Guerra, nem sequer mandou saber quem tinha escrito tal injúria!
Injúria de tal natureza que magoou, como não podia deixar de magoar, todos os oficiais do exército!
E agora eu pregunto: Pode um homem desta fôrça moral vir falar aqui, ou seja onde fôr, em disciplina do exército?
Voa terminar. Antes, porém, quero dizer o seguinte:
Disse o ex-Ministro da Guerra que tinha sido trazido para a política numa das horas mais graves para a República.
Pena foi que não tivesse tido nessa ocasião a mesma maneira de ver que acaba de ter hoje no Parlamento.
Devia ficar no âmbito das suas funções de militar, o não ter pensado saquer em exercer funções políticas.
O Sr. ex-Ministro da Guerra começou as suas considerações dizendo que conscientemente tinha estado ausente no dia da minha interpelação, e isto evidentemente com o fim único de não responder a ela, de não ouvir as verdades que lhe ia dizer o Deputado António Maia.
O capitão António Maia vai desaparecer, mas ficará o político para continuar a ser, como até hoje, um paladino da, verdade.
O capitão António Maia nunca fugiu às responsabilidades da sua farda, e sempre as assumiu nas ocasiões mais graves da sua vida.
Como político fará precisamente o mesmo!
Na guerra procurou sempre arriscar a sua vida na frente, não na retaguarda, e