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Diário da Câmara dos Deputados
de me não ter sido deferida uma pretensão minha.
Nada mais simples de provar como isso é falho de verdade!
Vou, pois, historiar a tal pseudo pretensão:
Havia numa unidade um indivíduo que era um contratado.
Êsse indivíduo foi requisitado verbalmente ao Ministro da Guerra e depois ao comandante da unidade para fazer serviço no govêrno civil numa comissão secreta. Por ser secreta a comissão, continuou aquele indivíduo a figurar como estando ao serviço na unidade, o que era absolutamente contrário às leis e regulamentos militares.
Mas nessa ocasião ninguém se lembrou de tal facto, porque...eram precisos e preciosos os serviços que o tal indivíduo podia prestar.
O tempo passou e êsse indivíduo não pôde continuar no exercício das funções, porque era constantemente ameaçado de morte. Tanto assim ora que o próprio governador civil procurou arranjar-lhe uma colocação fora do continente.
Êsse indivíduo, na incerteza de se dar mal ou bem nessa situação, pensou em pedir para lhe ser guardado o lugar que tinha, mas sem vencimento algum.
Teve o desgraçado a infeliz idea de procurar para tal fim o capitão Maia, que lhe disse que fizesse um requerimento nesse sentido.
Antes, porém, procurou o comandante da unidade a que pertencia para saber qual a sua opinião sôbre um tal requerimento.
Nenhuma objecção foi feita por aquele comandante, que prometeu dar uma boa informação.
Infelizmente, o requerimento tinha de passar pela Direcção da Aeronáutica e lá sabia-se que êsse homem me tinha consultado.
Só por êste facto, dá-se uma má informação e o requerimento foi indeferido pelo Ministro da Guerra.
Até aqui tudo muito bem! Era lógico o que tinha sucedido.
Sabendo do indeferimento, veio o desgraçado, outra vez, falar com o capitão António Maia.
Procurei então o Sr. Ministro da Guerra a quem expus o que se passava, e êle
próprio me deu razão, dizendo-me que fôsse feito um novo requerimento.
Mas há mais: sou eu que lembro a vantagem de ser chamado o Sr. Director de Aeronáutica, para que o Ministro lho peça que êle dê uma boa informação, atendendo às circunstâncias.
De facto, novo requerimento foi feito pelo desgraçado.
Durante, vinte dias esperou êle pelo deferimento do requerimento que...tinha sido metido na tal malfadada gaveta do Sr. Ministro da Guerra!
No fim daquele prazo procurou então o chefe do gabinete que, depois de lhe ter dito que era impossível deferir o requerimento como êle queria, o aconselhou a procurar o Sr. Director de Aeronáutica.
Ainda o desgraçado expôs que já tinha perdido dois vapores e que a companhia para onde ia já estava a achar demasiada tanta demora.
Que tinha muita pena, mas que fôsse ter com o Sr. Director do Aeronáutica.
Assim fez. Êste senhor, como quem põe as facas ao peito, disse: «Ou aceita ir, rescindindo-se o contrato, ou não vai porque o requerimento lhe não é deferido nos termos em que pede».
Que podia êle fazer? Aceitou.
Então o Sr. Director, fazendo talvez de magnânimo, acrescentou que fôsse descansado porque êle, de acôrdo já com o Ministro da Guerra, lhe garantia que quando voltasse seria de novo contratado.
Veja-se até onde chega a parcialidade do Sr. Ministro da Guerra!
Não pode ir com uma licença sem vencimentos, mas garante-se um novo contrato logo que êle volte!
E o Sr. Ministro da Guerra concorda com uma cousa destas! Sabem porquê? Porque nesta altura, já não sendo precisos os serviços dêsse desgraçado, era preciso não ir contra o Sr. Director de Aeronáutica!
E sabem o que se alega para se fazer uma cousa e não a outra?
Que não são concedidas licenças ilimitadas aos oficiais!
Que tem uma cousa com outra?
E acaso o indivíduo em questão oficial, ou mesmo militar de verdade?
Mas, se o que êle pedia era uma licença ilimitada (por ser uma licença sem vencimentos), o que será a rescisão do contrato