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Diário da Câmara dos Deputados
Fez-se uma eleição de junta no Funchal, e consta da acta que os indivíduos substitutos (cinco dêles) eram os próprios efectivos.
Há mais.
Na própria minuta da acta se reconhece que se praticaram violências e que ficaram impunes.
Evitou-se por toda a forma que a junta reunisse, e estando na mesma sala procuradores efectivos e procuradores substitutos, elegeu-se uma comissão executiva.
Todas estas violências foram praticadas por agentes do Partido Democrático contra os meus correligionários.
Apoiados.
Praticam-se todas estas violências e o Sr. Presidente do Ministério não intervem eficazmente.
No dia seguinte reuniam vinte procuradores. Reconheciam que não tinham número suficiente; e, lavrando uma acta em que faziam constatar êsse facto abandonaram de novo o edifício da Junta continuando êste a ser ocupado pelos procuradores na Junta anterior.
Passados alguns dias, foi enviado a toda a pressa para a Madeira o governador civil que ainda lá se conserva. Então Sr. Presidente para levar ao fim esta violência o governador civil forneceu uma fôrça militar e outra de polícia que permanentemente cercou a junta, mantendo-a na mão daqueles que a tinham assaltado, arrancando as janelas do seu edifício para nele se instalarem.
Não há dúvida de que, quando o cabecilha dêste movimento afirmava que se tratava de um direito revolucionário, fazia uma revolução que vencia, para o que foi auxiliado pelo Sr. governador civil que lhge forneceu a fôrça militar e a polícia necessária para lá estar.
Surge então a verificação de que dos quarenta e três procuradores estavam eleitos quarenta sendo vinte e um dêsses procuradores meus correligionários e dezanove apoiando os democráticos. A diferença portanto era de dois, mas como faltava repetir a eleição num concelho que elegia três procuradores, se os democráticos conseguissem que êsses três procuradores fôssem seus correligionários, ficavam na Junta Geral com mais um que os nacionalistas. Como era necessário eleger êsses três procuradores fez-se esta cousa simples: enviou-se para o concelho de Ponta Delgada; onde a eleição havia de realizar-se, uma fôrça militar, e uma fôrça de polícia do comando de um chefe; e, como se isto fôsse pouco, foi convidado também o bando de carteiros que já em Câmara de Lobos tinha feito a proeza de que resultaram todas as violências que aí se praticaram, todos os assaltos que aí se fizeram e de que foi vitima o meu ilustre correligionário Sr. Américo Olavo. Nestas condições a policia e um bando de caceteiros, postados no cais de desembarque, impediam absolutamente que desembarcasse quem não fôsse democrático.
O candidadto nacionalista Aires Filipe de Freitas, quando ali se dirigia na véspera da eleição, portador das suas listas para servirem no dia seguinte, é preso; e, acompanhado de um chefe de polícia enviado para o Funchal, esteve detido dentro do palácio do governador desde as oito às onze horas; e quando diz ao administrador que visto estar solto voltava para a Ponta do Sol, o governador disse-lhe que não voltaria porque seria imediatamente preso.
Outro candidato nacionalista, o Sr. João de Ornelas, é da mesma maneira preso quando tenta desembarcar, voltando para o Funchal e sendo igualmente avisado de que se ali voltasse seria novamente preso.
Um dos outros candidatos, que não era meu correligionário, o Sr. Vieira de Castro, que se algumas relações ali tem é com pessoas pertencentes ao Partido Democrático, viu ser preso um seu filho que era portador das listas com o seu nome, quando na véspera da eleição ía a Ponta

o Sol levar umas listas.
Depois de preso foi conduzido ao palácio do governador por dois indivíduos que o acompanhavam. É ali detido até alta noite, sendo igualmente avisado de que se voltasse a Ponta do Sol seria imediatamente preso.
Sr. Presidente: desnecessário, é dizer que o Partido Democrático na Madeira venceu por êste processo as três vagas de procurador a Junta Geral.
O Sr. Álvaro de Castro: — Com aplauso da Presidência do Ministério.