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Sessão de 1 de Agosto de 1923
câmbio para infelicidade de todos nós, descia até à casa do 1, ou menos ainda.
Evidentemente que êsses 180 contos, não seriam nada, em relação ao valor que tinham no momento em que havíamos fixado o vencimento.
Eram estas as considerações que entendi devia fazer, o creio ter informado suficientemente a Câmara do critério que me levou a redigir a proposta de substituição.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — Sr Presidente: o que se tem passado com. este assunto prova bem o cuidado, para não dizer a consciência, com que êle foi trazido à Câmara, o a tal ponto, que o próprio autor do projecto inicial acabou ontem por declarar que aceitava a substituição apresentada em primeiro lugar pelo Sr. Vasco Borges.
Quere dizer, o próprio Sr. Almeida Ribeiro, talvez pela pressa que houve em apresentar o projecto, ou porque fez os cálculos errados, acabou por o repudiar.
Eu não posso admitir que sendo o Sr. Almeida Ribeiro uma pessoa conscienciosa, não tivesse meditado e calculado a quanto montaria o seu projecto.
Portanto, sou levado a concluir que foram os argumentos aqui apresentados, as razões que levaram o ilustre leader da maioria a mudar de opinião, e de tal modo aceitasse a proposta do Sr. Vasco. Borges, que reduz a verba a metade.
É esta a razão por que digo que é de estranhar a maneira como êste assunto tem sido tratado.
Sr. Presidente: depois da maneira como o Sr. Almeida Ribeiro argumentou em defesa do seu projecto, fiquei com a convicção absoluta de que S. Ex.ª não estava capacitado do que dizia, e que os argumentos apresentados em contrário calaram no seu espírito.
Mas há ainda um caso curioso:
O Sr. Almeida Ribeiro, vendo que lhe faltava o terreno na própria maioria, afirmou que o projecto era seu, que ninguém lho tinha sugerido, e que, portanto, era uma questão aberta para o seu partido.
Sr. Presidente: não sou eu que afirmo nem quero afirmar que só trata de uma proposta destinada a satisfazer os desejos do candidato da maioria à Presidência da República.
Foram os deputados republicanos que o insinuaram, embora não afirmando, não dizendo que era voz corrente que essa pessoa vinha do estrangeiro, onde está habituada a ganhar em ouro, e que, portanto, só aceitava o lugar pagando-se-lhe em ouro.
Mas, eu não discuto êste ponto, porque êle diz respeito à família republicana.
Todavia, devo dizer que essa pessoa está acostumada a ganhar em ouro, vem em Portugal gastar em escudos, sendo extraordinário que imponha a condição de ganhar em ouro.
Eu compreendo que haja um candidato que diga que só aceita o lugar se fôr votado por unanimidade por todos os partidos.
Acho isto lógico e coerente com os princípios de uma boa democracia.
Mas que haja um candidato a Chefe do Estado, que, segundo a imprensa, declara que só aceita o lugar se lho pagarem em ouro, devemos confessar que, se houver um pouco de escrúpulo na escolha, êle deve ser condenado por todos os republicanos.
Mas, Sr. Presidente, não foi só o Sr. Almeida Ribeiro que afirmou que o projecto apresentado era da sua inteira responsabilidade.
Também o Sr. Vasco Borges, falando pro domo sua, declarou que a substituição apresentada era da sua responsabilidade individual.
Quere dizer, S. Ex.ª vendo também o terreno a fugir-lhe, para evitar um fracasso, foi sangrando-se em saúde.
Nestas circunstância, apesar de haver uma maioria e um Ministro das Finanças, nós não sabemos o que é que aquela entende em conjunto, nem qual é a opinião do Sr. Ministro.
É, pois, a altura de S. Ex.ª dizer alguma cousa, visto que é quem tem chaves dos cofres do Estado e tem de ordenar o pagamento.
O que é preciso é que sôbre êste assunto o Govêrno fale.
O Sr. Vasco Borges propôs-se colocar o Chefe do Estado numa situação semelhante à do resto do funcionalismo, mas S. Ex.ª não tem razão, pois resulta uma grande desigualdade, uma grande injusti-