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Sessão de 3 de Agosto de 1923
que nada de útil, para o Estado, virá da prorrogação.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Fausto de Figueiredo: — Sr. Presidente: em obediência às praxes parlamentares, mando para a mesa a minha moção de ordem, que passo a ler:
A Câmara, reconhecendo que é conveniente uma prorrogação da sessão legislativa, mas atendendo a que tal prorrogação deve ser exclusivamente destinada à discussão e aprovação de medidas de reconhecido e urgente interêsse económico e financeiro, passa à ordem do dia. — Fausto de Figueiredo.
Sr. Presidente: costumo ser coerente com as palavras que profiro e com os actos que pratico.
Não foi insensivelmente que ontem dei, embora com declaração, o meu voto de confiança ao Govêrno; fiz as minhas declarações nos termos que a Câmara vai ouvir e que me servem para as considerações que vou fazer.
Quando há pouco concordei com que a prorrogação da sessão se fizesse, era coerente com o meu voto de confiança, nos termos em que o fiz, e nos termos em que o dei ao Govêrno.
O facto de reconhecer ontem que uma moção de desconfiança votada ao Govêrno tinha inconvenientes de ordem política não modificou hoje a minha opinião.
Mas, Sr. Presidente, se concordo em que o Govêrno carece dalgumas medidas urgentes, inadiáveis, tendo em atenção até aquela afirmação, tantas vezes produzida pelo Sr. Ministro das Finanças, de que, não se lhe votando algumas das suas propostas, se vai embora, arrastando possivelmente na sua queda todo o Govêrno, continuo coerente em aceitar a prorrogação da sessão, para que tal se não dê, mas com restrições.
O Sr. Presidente do Govêrno, por si e por muitos dos seus colaboradores, não tem correspondido àquelas necessidades urgentes e inadiáveis de que o país sofre neste momento.
O Sr. António Maria da Silva faz-me lembrar aqueles médicos que, vendo o doente muito mal, o tratam com muito carinho, com muita dedicação, o que dá em resultado que, se o doente não morre da enfermidade, pode morrer da cura.
E o caso de S. Ex.ª se preocupar com o problema da ordem pública, mas não exigindo dos seus colaboradores aquilo que cada um dêles tem obrigação de fazer, nas pastas que tem a seu cargo.
É assim que vemos um Govêrno manqué.
O Sr. António Maria da Silva procura nos momentos de aflição os nomes que lhe convém para a sua vida governamental, e é assim que nos encontramos em face dum problema grave como o do regime cerealífero, não sabendo a Câmara neste momento qual a opinião do Sr. Ministro da Agricultura, porque S. Ex.ª tem todas as opiniões e não tem nenhuma.
Ora, se o Sr. António Maria da Silva fôsse mais cauteloso na escolha dos seus colaboradores, não chegaríamos à situação em que nos encontramos.
Não é assim que se procede.
O Sr. Foutoura da Costa é na verdade um marinheiro e um professor distintíssimo, mas o que é facto é que até ali não tinha dado provas necessárias para se lhe poder confiar uma pasta que, indubitavelmente, é fundamental para o ressurgimento dêste país.
A culpa é toda do Sr. Presidente do Ministério.
Devia ainda S. Ex.ª ter entregue a pasta do Comércio a quem de direito.
Isto não representa menos consideração pelo Sr. Vaz Guedes, que é um advogado muito distinto, mas na realidade S. Ex.ª não tinha dado nenhumas provas das quais se pudesse deduzir que estava habilitado a tratar dos assuntos especializados que lhe foram confiados, tais como ferroviários, transportes marítimos, etc.
Sr. Presidente: o Sr. António Maria da Silva não ouve, mas é preciso que ouça, para que isto se não repita.
Todos nós estamos aqui com a melhor boa vontade de colaborar em obra que seja útil ao país.
O Sr. Velhinho Correia: — Não com êste Parlamento.
O Sr. Cunha Leal: — Registamos a afirmação para ulteriores consequências.
Trocam-se àpartes.