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Sessão de 3 de Agosto de 1923
dito a respeito das minhas pretendidas relações com a moagem e a panificação, eu não tenho nem jamais tive um centavo de interêsses dessa proveniência; declaro-o sob a minha palavra de honra.
Tudo se envenena neste país e até houve um moageiro que em plena sala dos Passos Perdidos teve, ainda não há muitos dias, esta frase:
«Quando o Fausto de Figueiredo discute assuntos da moagem, criticando, toda a Câmara se ri, porquanto todos se convencem de que êle está ligado à mesma moagem».
Ora a Câmara fique sabendo que ou garanto, sob minha palavra de honra, que não tenho nem nunca tive um centavo ou quaisquer interêsses ligados à moagem.
O Sr. Joaquim Ribeiro: — Ainda hoje um moageiro afirmou que dispunha de meios para impedir a discussão da lei cerealífera!
O Orador: — Desejei ter ocasião de fazer esta afirmação à Câmara.
Mas eu não ataco a moagem. Tenho, nessa indústria, amigos que muito prezo. Reconheço que a moagem tem conseguido alguma cousa de grande neste país, como reconheço que, se não se tem tirado o devido proveito de tal indústria, isso tem sido devido à incompetência dos Ministros da Agricultura, que não sabem tratar de tais questões.
Eu não ataco ninguém.
Todos sabem que a nau do Estado tem tido maus timoneiros e todos reconhecem a necessidade de sairmos da situação difícil em que nos encontramos por culpa dos que governam.
Quero dar, portanto, o meu voto à prorrogação dos trabalhos parlamentares.
Reconheço, de facto, que há alguns problemas urgentes a trazer à Câmara e a discutir pela Câmara. Os factos são assim e oxalá que eu não tenha de me arrepender de ter dado o meu voto a esta prorrogação.
Tenho dito.
O orador não reviu.
Leu-se na Mesa e foi admitida a moção.
O Sr. Cunha Leal: — Sr. Presidente: em obediência às prescrições regimentais, mando para a Mesa a seguinte moção:
A Câmara dos Deputados, reconhecendo que a acção do Govêrno tem sido perniciosa e que uma nova prorrogação dos trabalhos parlamentares não serviria os interêsses da Nação, porque falta ao Govêrno o conhecimento dos negócios da administração pública necessário para poder orientar com seguro critério os trabalhos parlamentares; passa à ordem do dia. — O Deputado, Cunha Leal.
Acabou um ilustre Deputado de dizer que outro debate vai começar, e parece que êsse Deputado tem absoluta razão.
Também há pouco um outro Deputado da maioria, tam ilustre como aquele a quem acabo de me referir, dizia que nada se podia fazer com êste Parlamento. Condenava assim a acção dêste Parlamento — dêste Parlamento, que no ano passado era tam homenageado por todos.
E claro que nós estimamos que êsse mesmo Deputado reconheça a inutilidade do Parlamento.
Se se reconhece a inutilidade da sua acção, para que se pretende votar a sua prorrogação? É claro que nós estranhamos que seja um Deputado da maioria a afirmar que é inútil a acção dêste Parlamento, visto serem as maiorias que marcam nos respectivos trabalhos. Só se pode dar uma circunstância que permite às minorias impor-se às maiorias, e é quando as maiorias reconhecem que há cansaço físico ou outro motivo semelhante.
Alguns Deputados que votaram a prorrogação da sessão parlamentar reconhecem antecipadamente que é inútil essa prorrogação e reconhecem simultaneamente que a maioria não cumpre os seus deveres.
É claro que com isto não temos nada. Se há divergências entre a maioria e o Govêrno, não nos cabo a nós, Deputados da minoria, restabelecer a paz entre a maioria e o Govêrno. Nós estamos aqui para registar esta circunstância e aproveitá-la para os nossos fins políticos e servir bem a República, impedindo que continue à frente dos destinos da Nação um Govêrno que em tantos meses nada tem feito de útil para o país, antes tem con-