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Diário da Câmara dos Deputados
Eu tive ensejo de conversar com o Sr. Ministro das Colónias, que quis ter para comigo n amabilidade de comunicar-me as suas impressões, e creio hão praticar nenhuma inconfidência dizendo que S. Ex.ª foi de opinião que ôste facto constitui um tentativa de alienação duma parto do nosso território.
Isto era o que eu conhecia do assunto, quando de repente começaram surgindo notícias nos jornais afirmando que o general Smuts estava gentilíssimo para connosco. Estas notícias eram levadas ao conhecimento de todos nós pela imprensa mundial, que dizia que o general Smuts tinha usado duma gentileza extrema para com o Sr. Teixeira Gomes, ilustre Presidente da Republica Portuguesa.
E claro que essa gentileza, derivou apenas da enorme consideração que o Sr., Teixeira Gomes, pelas suas altas qualidades de inteligência e de carácter, merece à Inglaterra; e êsse procedimento da, parte da Inglaterra não representa senão uma justa consagração às altas qualidades do Sr. Teixeira Gomes.
Para o público português essa, manifestação pode ser interpretada, a serem verdadeiras as notícias dos jornais, como uma amabilidade com que o general Smuts queria pagar a cedência duma parta da nossa soberania, o que é absolutamente incomportável com o nosso patriotismo.
Duvidei, portanto, dessas notícias; e ontem, quando pedi a palavra sôbre êste, assunto, não o fiz para arrancar ao Govêrno segredos acêrca das negociações entabuladas, mas tam somente para obter um desmentido àquelas afirmações que dizem que, depois de tantos sacrifícios, nós que tínhamos, comparticipado na guerra, íamos fazer a vontade ao general Smuts, alienando, ou discutindo sequer, a alienação duma parte da nossa soberania.
No meu sentir isso era absolutamente impossível, isso tinha de ser absolutamente falso.
Quando ontem anunciei que ia pedir a palavra — repito-o — outro intuito não me moveu do que o de provocar um desmentido do Govêrno, para tranquilidade da nossa consciência e do nosso patriotismo alvoroçado.
Peço ao Sr. Ministro das Colónias que não pense que neste momento existe da minha parte o mais levo propósito de especulação política.
Mas, Sr. Presidente, depois de ou ter pedido a palavra, produzirem-se dois factos antagónicos que me deixam absolutamente desnorteado.
Um dêsses factos foi a entrevista que o Sr. Vítor Hugo de Azevedo Coutinho, Alto Comissário de Moçambique — e se S. Ex.ª começa a sua acção por esta forma eu poderei classificá-lo de infeliz Alto Comissário — concedeu a um jornalista, e em que S. Ex.ª diz:
Leu.
Ponhamos de parto a insuficiência mental revelada nestas palavras, convencidos de que da não deve ser atribuída a S. Ex.ª, mas à pressa com que o jornalista nautas vezes tem de ouvir e transmitir ao público as palavras proferidas por pessoas tam inteligentes como o Alio Comissário de Moçambique.
S. Ex.ª arrepia-se com a idea de que digam que há intermediários na questão do empréstimo, mas S. Ex.ª, que começa por dizer que não se sabe ainda, onde e quando êsse empréstimo se realizará, não sente arrepios nenhuns com a idea do parágrafo da sua entrevista, que diz:
Leu.
S. Ex.ª começa por dizer que é preciso haver um contrato a respeito do caminho de ferro de Loureuço Marques e que depois seria constituída uma emprêsa para esto caminho de ferro. S. Ex.ª confessa ser verdade que pensa em alienar o caminho de ferro a uma emprêsa particular, e isto é uma obra anti-patriótica.
O Sr. Ministro das Colónias parece, desmentir esta notícia e estamos, portanto, em frente do dois factos antagónicos.
O Sr. Nuno Simões (àparte): — O Sr. Ministro das Colónias, fez um desmentido categórico.
O Orador: — O Alto Comissário afirma, e o Sr. Ministro das Colónias nega uma cousa que há nove ou dez meses anda pairando sôbre a sociedade portuguesa como um sobressalto acêrca dos destinos desta terra, como um crime que pretende fazer-se contra aquelas que ao lado do general Smuts, que ao lado dos sul-africanos, verteram o seu sangue em defesa