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Sessão de 12 de Outubro de 1923
forma que nem sempre está no ânimo dos negociadores, dos que representam o principal papel com muita competência e inteligência.
Não foi ainda possível realizar uma negociação, chegando a um acôrdo, não porque não estivesse à frente dos destinos da colónia alguém, porque são realmente alguém o nosso camarada Sr. Brito Camacho e Joaquim Machado.
O Sr. Freire de Andrade entendeu que era preferível sobrestar nas negociações, não porque possa haver duas opiniões sôbre o assunto, mas porque eram excessivos os pedidos do general Smuts.
Não posso dizer quais eram, pois desconheço-os.
Entendo que aos representantes da Nação deve dar-se conhecimento claro dos movimentos que interessam a nacionalidade.
Não sou só eu que ataco a política de silêncio do Sr. Ministro das Colónias, quanto a assuntos relativos aos interêsses nacionais — V. Ex.ª pode testemunhar a lealdade com que aqui e na imprensa eu procedi- assim entendo, e aos relativos aos interêsses directos das nossas colónias.
Mas era o comandante Sr. Leote do Rêgo um dos que mais condenavam a política de silêncio.
O convénio tem uma orientação que é importante para a vida portuguesa.
Era, além de português e Deputado, director do jornal O Século, e tinha a obrigação naquele momento, não de fazer silêncio, o que era impróprio, mas de examiná-lo, prestando ao País um alto serviço.
Pertencia ao número das pessoas das minhas relações um indivíduo que estava relacionado com um dos mais íntimos amigos do general Smuts, e que podia solicitar assentimento da parte do general Smuts para uma entrevista.
O meu estratagema não foi mau.
Não sei qual o juízo formado a meu respeito pelo general Smuts, ao ter conhecimento de que um jornal português pretendia uma entrevista.
O que é certo, Sr. Presidente, é que passado algum tempo, um mês talvez, a pessoa a que acabo de me referir entendeu por bem tratar do assunto por meio de um telegrama que foi publicado no jornal O Século, o qual tenho aqui presente e cuja tradução, se bem que não possa garantir de uma maneira segura a sua exactidão, ponho no emtanto o original à disposição de todos aqueles que o queiram examinar.
Depois disto, Sr. Presidente, apareceu no jornal O Diário de Notícias a entrevista com o general Sr. Freire de Andrade, entrevista essa que com outras que têm aparecido nos jornais justificam quanto a mim as apreensões que eu tenho sôbre o assunto.
Depois disto, Sr. Presidente, apareceu ainda um outro telegrama que veio publicado nos jornais, para o qual ou entendi dever chamar a atenção do Sr. Ministro das Colónias, visto êle conter duas palavras que se não compreendiam, tanto mais quanto é certo que o assunto mais interessava a S. Ex.ª do que pròpriamente a mim.
De tudo isto, Sr. Presidente, se pode antever determinado critério sôbre a administração do pôrto e caminho de ferro de Lourenço Marques, que considero na verdade altamente abonatório dos direitos e interêsses nacionais.
Depreende-se de tudo isto que há o1 propósito de fazer a entrega do pôrto e caminho de ferro de Lourenço Marques a uma companhia particular, entrando o Govêrno com o valor equivalente à avaliação que foi feita do pôrto e caminho de ferro, e a outra entidade com a importância que se julgar necessária para o complemento das obras e alargamento do pôrto.
O Sr. Presidente: — Devo prevenir V. Ex.ª que faltam apenas três minutos para se entrar na ordem do dia.
Vozes: — Fale, fale.
O Orador: — Agradeço à Câmara â sua atenção permitindo que eu continue no uso da palavra, e no intuito de corresponder a essa gentileza eu vou procurar ser o mais breve possível.
Pode-se, Sr. Presidente, admitir a hipótese do pôrto e caminho de ferro de Lourenço Marques virem a ser entregues a uma companhia particular em que tenham ingerência elementos da África do Sul?
Esta era a situação.