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Diário da Câmara dos Deputados
cial, de ordem política, pressões pessoais nunca as tive, e espero que nunca as terei.
Ainda a propósito da acusação que acabo de fazer à forma como têm decorrido os trabalhos parlamentares devo acrescentar que a tudo quanto podia representar acréscimo de despesa, nunca vi levantar a mais pequena dificuldade por parte do Parlamento, ao passo que a todas as medidas tendentes a procurar receitas para o Estado sempre se tem recusado o voto, empregando todos os processos para se não deixarem passar essas medidas.
Isto é que é preciso que se diga.
Sr. Presidente: é fora de dúvida que nunca me poderia passar pela mente que seria com a proposta do empréstimo que resolveria a crise financeira do País.
Não é preciso recordar hoje as palavras que pronunciei a quando da discussão dessa proposta de lei, e não é preciso porque tive o cuidado de o dizer no próprio relatório que acompanha essa proposta, assim como no relatório que acompanha o Orçamento; isto é, que essa medida daria resultado mas acompanhada de outras medidas, de maneira que nós conseguíssemos no ano findo, isto é, até 30 de Junho passado, sair daqui com um orçamento equilibrado.
Infelizmente tal não sucedeu, mas, como já disse, não foi minha a culpa, a não ser aquela culpa que me possa pertencer como parlamentar, por ter faltado algumas vezes às sessões, não dando aos trabalhos parlamentares, em virtude de exigências de interêsse público no desempenho das minhas funções, aquela assiduidade que seria absolutamente precisa e indispensável.
E, Sr. Presidente, tenho de lastimar que assim sucedesse, porque, na verdade, o lançamento do empréstimo não fracassou de maneira alguma, nem pela minha vontade, nem por falta de auxílio da Nação; embora digam o que disserem, os resultados dêsse empréstimo não podiam ser mais brilhantes.
Recordo-me de que não só correligionários meus, mas adversários, indivíduos que põem sempre acima de tudo os interêsses nacionais e o prestígio da República, êles mesmos me aconselharam a que não tivesse a ousadia da experiência que ia fazer de lançar um empréstimo directamente ao público, cousa que era a primeira vez que se fazia, e V. Ex.ªs viram que, apesar de se fazer pela primeira vez essa tentativa, a Nação correspondeu duma forma brilhante e o empréstimo, como V. Ex.ªs sabem, foi mais que coberto.
Sr. Presidente: já que estou a referir-me a êste assunto, devo responder a uma afirmação feita pelo ilustre Deputado e meu querido amigo Sr. Cunha Leal.
Aproveito a ocasião para agradecer aquelas referências que, sem necessidade, S. Ex.ª me quis fazer e que apenas demonstram que a situação de homem político de maneira alguma faz quebrar os laços de estima e amizade que unem os homens; agradecendo a S. Ex.ª essas referências, devo dizer que um dos ataques que S. Ex.ª me fez foi o de que tivesse ficado uma certa quantia do empréstimo por colocar depois de ter havido rateio da parte destinada ao País.
Sabe S. Ex.ª muito bem que uma das condições que se impõem a todo o homem público, para bem prestigiar o Estado, é o cumprimento exacto das promessas que faz; ora desde que no lançamento do empréstimo se havia declarado que uma parte dessa quantia a subscrever seria destinada às nossas colónias no estrangeiro, eu não podia dispor dêsse depósito, que, para mim, era, por assim dizer sagrado.
Foi o que fiz.
Efectivamente, pela situação que havia então surgido no Brasil, dificuldades se levantaram para que a nossa colónia não subscrevesse com a quantia que era para desejar e daí resultou que uma parte do empréstimo ficasse por colocar; devo, porém, acrescentar que, se essa parte do empréstimo ainda está por colocar, é porque isso melhor tem convindo aos interêsses do Estado, porque procura tem havido.
Sr. Presidente: voltando ao ponto em que estava, devo dizer que desde que tinha encargos do Estado superiores àquelas quantias que havia recebido, porque não recebi todas as quantias do empréstimo, e, desde o momento em que até 30 de Junho não era possível realizar todo o empréstimo, eu fiz aquilo que me pareceu que todo o homem do Estado faria, isto é, cobrir todos os encargos do Estado, porque V. Ex.ªs podem calcular e saber pela exposição feita então que