O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

16
Diário da Câmara dos Deputados
derações que produzi sôbre êsse assunto não proferi qualquer palavra que pudesse envolver V. Ex.ª no caso chamado das «rodelas».
O Orador: — Sr. Presidente: lembra-se V. Ex.ª das propostas que eu trouxe ao Parlamento para as bases de moeda.
Propositadamente nessa ocasião mandei averiguar qual a liga que seria mais própria, e por informações que depois me chegaram cheguei à conclusão de que era a de bronze-alumínio, tanto mais que temos grande quantidade de cobre electrolítico proveniente da carga dos barcos alemães.
Porém, depois da reunião de vários elementos de estudo, verificou-se que o fabrico em Portugal ficava muito mais barato, e que se podia fazer.
Devo dizer que o que mais tarde apareceu a público sôbre a questão das moedas já no meu tempo, e ainda não estava publicada a lei, aparecia em bastidores.
Sr. Presidente: nessa ocasião estava eu já na disposição de ordenar que o fabrico fôsse feito em Portugal, e a propósito eu quero explicar à Câmara a atoarda que se levantou, dizendo que eu tinha lançado um despacho alterando a liga bronze-alumínio para cupro-níquel.
Fui procurado por várias pessoas e houve uma, cujo nome não posso dizer porque o não fixei, que me veio dizer que tinha visto publicado o decreto fixando a moeda de bronze e de alumínio, que achava magnífico o meu critério que tornava mais barato o fabrico, mas que, na sua qualidade de português e patriota, devia avisar-me de que eu estava sendo enganado, pois que na Casa da Moeda não se podia fazer êsse trabalho.
Respondi-lhe que agradecia muito o aviso, mas que entendia que êsse cavalheiro tinha estado a perder o seu tempo, por isso que era um caso assente que a cunhagem havia de ser feita em Lisboa. Se não se pudessem fazer moedas de bronze ou alumínio, mandá-las-ia fazer de cobre, de ferro, fôsse do que fôsse, contanto que a Casa da Moeda fizesse a cunhagem.
Foi devido a estas minhas palavras que se levantou a atoarda de que eu tencionava modificar o despacho.
Para esclarecimento da Câmara devo dizer que efectivamente as informações que recebi das estações competentes diziam que a cunhagem podia fazer-se em Portugal e num prazo relativamente curto.
Assim, mandei abrir concurso para o desenho destinado à cunhagem da moeda, e foi nesta situação que abandonei o Ministério das Finanças.
Referiu-se o Sr. Cunha Leal à propaganda do empréstimo, a retratos pagos, etc.
Eu sei que essa atoarda se levantou; mas esperava que pela mente do Sr. Cunha Leal nem sequer passasse a idea de que tal facto era verdadeiro!
Nesta questão do empréstimo não há nada que envergonhe.
As contas estão patentes e, felizmente, as despesas feitas com o empréstimo são bem pequenas, e só honram a administração republicana.
Com respeito à imprensa, é que realmente houve grandes desigualdades, resultantes da situação financeira e do patriotismo das várias emprêsas jornalísticas.
Há jornais que apresentam contas que ascendem a algumas dezenas de contos e outros que fazem tudo quási gratuitamente.
Mas isso é uma questão do fôro íntimo.
Sr. Presidente: ainda a propósito da discussão que nesta casa foi levantada de os impostos não terem produzido aquilo que deviam dar, deixe-me V. Ex.ª dizer que eu como parlamentar não enjeito a culpa, mas como Ministro dezenas de vezes levantei nas duas Câmaras, e muito especialmente nesta, o grito contra a situação do Tesouro Público. V. Ex.ªs recordam-se de que eu disse que tinha setenta repartições de finanças sem chefes e algumas com poucos funcionários.
O Sr. Cunha Leal também se referiu à questão cambial e às grandes oscilações.
É preciso que S. Ex.ª compare os gráficos que apresentou com os gráficos estrangeiros.
Em França o câmbio passou de 50 para 80. Sabe V. Ex.ª que a falta de confiança, a disponibilidade dos dinheiros nos mercados estrangeiros, a muita procura, tudo influí nas oscilações cambiais.
Pouco depois de eu entrar para o Ministério, em 30 de Setembro, o câmbio es-