O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

34
Diário da Câmara dos Deputados
Sr. Presidente: a minha moção de ordem corresponde absolutamente àquilo que neste momento eu penso e sinto, e tenho a certeza absoluta de que, abstraindo a política partidária seja de quem fôr, pelo que eu venho vendo nesta casa, e pelo que o país sente, deve a minha moção corresponder também à opinião de toda a gente e do próprio Sr. Presidente do Ministério.
A hora, realmente, não é para me alongar em considerações, mas a hora é para todos nos convencermos de que é absolutamente preciso que se diga a verdade, doa a quem doer.
Assim, preciso fazer uma ligeira história, como já a fizeram alguns Deputados independentes, que explique a razão pela qual eu não posso continuar a dar o meu apoio ao Govêrno que se senta naquelas cadeiras.
O grupo parlamentar dos independentes constituíu-se em determinada data para prestar um apoio ao Govêrno presidido pelo Sr. António Maria da Silva.
Foi no momento em que o Partido Democrático reconheceu a necessidade de ter alguém dentro desta Câmara que pudesse com efeito dar uma maioria, quanto possível real, ao Govêrno.
A minha pessoa encontrava-se fora do país, então, mas, chegada aqui e convidada para uma reunião dos Deputados independentes, a ela assistiu.
Estavam também presentes o ex-Ministro da Guerra, Sr. coronel Freiria, e o Sr. Ministro da Justiça, Abranches Ferrão.
Êste Sr. Ministro, que está presente, sabe tam bem como eu a atitude que os Deputados independentes tomaram nessa ocasião, bem como a atitude que eu mantive.
O momento que o país atravessava nessa, ocasião era grave; não neguei, pois, o meu concurso a essa situação política; antes pelo contrário, com dez ou mais Deputados independentes entendemos que não devíamos limitar o nosso apoio apenas aos dois Ministros independentes, mas estendê-lo a todo o Ministério; e assim se resolveu.
Então, o Sr. Freiria e o Sr. Abranches Ferrão levaram ao Govêrno a certeza de que os Deputados independentes com os seus votos apoiariam os actos ministeriais.
Os Deputados independentes por patriotismo prestaram o seu auxílio ao Govêrno, não querendo isto dizer que em certa altura não concordassem.
Pausa.
O Orador: — Quando V. Ex.ª entenderem, continuo.
O Sr. Presidente: — Peço ordem.
O Orador: — Eu compreendo que a minha situação é modesta de mais (Não apoiados); sou um dos parlamentares que costumam vir aqui e para aqui vim às 4 horas, e aqui estou a esta hora e entendo que neste momento temos obrigação de dizer a verdade e de nos ouvirmos uns aos outros (Apoiados) e cada um assumir a responsabilidade dos actos que comete.
Muitos apoiados.
O Sr. António Maria da Silva, chefe do Govêrno, entende, que não nos deve dar satisfação, que afinal nós, Deputados independentes, somos bons rapazes, e assim nunca fomos ouvidos nas diversas remodelações do seu Ministério, nas trinta mil situações e remendos por que tem passado o Govêrno, e desde que S. Ex.ª mantém a ordem pública nenhuma satisfação, tem que dar aos Deputados independentes.
É assim que S. Ex.ª pensa.
Sr. Presidente: não trago isto para a discussão senão para justificar as conclusões a que quero chegar.
Como parlamentar independente, pertencendo exclusivamente a mim, desejando e querendo apontar os actos dos homens, e de todos os homens, sejam êles quais forem, a certa altura compreendi, bem como toda gente, que esta situação era absolutamente de não manter.
O Sr. António Maria da Silva, em, determinada data, fez substituir o Sr. Vitorino Guimarães, que então era Ministro das Finanças, pelo Sr. Velhinho Correia. S. Ex.ª veio à Câmara e abruptamente entendeu que todas as propostas, de finanças deviam ser discutidas em 48 horas.
A Câmara, fez o que devia e as propostas baixaram à comissão, que trabalhou afincadamente para dar, tanto quanto possível, satisfação àquilo que o Sr. Ministro das Finanças, julgava uma necessidade imperiosa e inadiável.