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Sessão de 20 de Outubro de 1923
lar. E não me pareço que a administração do Estado estivesse inibida do a fazer para a salvação pública.
Não compreendo, portanto, a celeuma que se fez à volta do caso e que esta questão sirva para atacar o Govêrno.
Admito que se combata êste Ministério pela sua inacção, mas entendo que não é justo atacá-lo por outro motivo.
De resto, o câmbio manteve-se na divisa 112$94(1) durante dois meses quási, e, quando esta situação se tornava estável, começaram os Bancos a dizer que não podiam viver, porque precisavam de especular.
Sr. Presidente: oxalá que se faça a tranquilidade nos espíritos de todos nós, que se olhe ponderadamente para a situação do País e que se suspenda esta queda, que pode ser fatal.
É por isso, Sr. Presidente, que eu estou convencido do que o Govêrno, embora possa ter zelado menos cuidadosamente os interêsses do Estado em alguns aspectos da administração pública, não lesou, todavia, os interêsses do Estado pelo que respeita à política do que fez uso no Ministério das Finanças.
Em quanto o Govêrno pela fôrça das circunstâncias se servo dêstes processos, dêstes expedientes, para fazer face à situação, o Sr. Ministro das Finanças vem à Câmara pedir medidas como as suas propostas de finanças.
Quem entrar no Ministério das Finanças encontra lá a explicação de tudo isto e eu podia aduzir muitos factos e o Govêrno também contava com mais alguma cousa e assim sabia que até Dezembro haviam de entrar na Caixa Geral de Depósitos 15:000 contos. Êste facto não pode ser ignorado por aqueles Deputados que vêm tratando do assunto.
O Govêrno precisava também arrancar à Câmara dos Deputados as propostas de finanças.
O Govêrno não pode acusar as minorias de não lhe terem dado os meios suficientes para governar e isto vem definir a situação.
Eu voto a moção do Govêrno como votaria só fôsse dos nacionalistas, porque entendo que é perigoso em todos os momentos, mas neste muito especialmente, provocar a crise ministerial, tanto mais quando não há ainda sucessão.
O que é preciso primeiro do que tudo é arranjar mais alguma fôrça moral.
É por êsse motivo, Sr. Presidente, que eu já disse, e repito agora, que êste problema há-de ser resolvido pela conjunção de esfôrços daquelas entidades a quem, impendem as responsabilidades da governação pública, que são os Partidos Democrático e Nacionalista, que tem não só o direito mas o dever de concertarem entre si uma plataforma, no que prestarão mais um serviço à Pátria.
Para ruim, pouco me importa que seja o Sr. Cunha Leal o Ministro das Finanças, como seja o mais categorizado correligionário do Sr. António Maria da Silva, ou ainda o honrado cidadão que é sem dúvida o Sr. Barros Queiroz, contanto que realizem uma obra que dignifique a República, no sentido do melhorar os seus processos de administração o de confundir as afirmações ligeiras dos seus opositores monárquicos.
Nestas condições, as minhas palavras, apesar de todos os seus defeitos, não representam, outra cousa que não seja uma declararão de voto antecipada.
Voto pelo Govêrno, porque êle, seja qual fôr, precisa de fazer face à situação financeira do país.
O único juiz da sua capacidade é êle próprio.
Portanto, repito, dou-lhe o meu voto, aguardando que êle, na análise que seguramente vai fazer de todos os aspectos da administração pública, fará um acto de consciência, profundamente patriótico e republicano, para verificar se está ou não à altura da solução do problema.
Se estiver, que continue; se não estiver que recorra ao Partido Nacionalista, realizando um acto que contribua para a salvação nacional.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Cunha Leal: — Sr. Presidente: permita-me V. Ex.ª que eu diga que o Sr. Tôrres Garcia, e isto sem ofensa para S. Ex.ª, trouxe uma certa confusão para um debate que, sob determinado aspecto, me parecia esclarecido completamente.
Não fui eu quem falou na Caixa Geral de Depósitos, e propositadamente me abstive de falar nela.