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Diário da Câmara dos Deputados
ceira de tal modo que não há possibilidade de o salvar.
Não, Sr. Presidente; não é assim, pois a verdade é que declarações de tal ordem só fazem avolumar essa onda de suspeita que há contra os homens públicos, onda essa que é necessário fazer desaparecer.
Torna-se absolutamente necessário. Sr. Presidente, acabar com isso, de forma a que possa haver confiança nos homens públicos, e assim eu não compreendo, nem posso compreender, que venha declarar-se que o País se encontra numa situação que se pode dizer de não ter remédio.
A atitude do Partido Republicano Português tem sido muito diversa desta, o assim devia dizer que se o Govêrno vem disposto a fazer uma obra de construção, bem vai; de contrário, se não vem disposto a fazer uma obra construtiva e nacional, encontrará o Partido Republicano Português firme no seu pôsto.
Sr. Presidente: falei em nome do Partido Republicano Português, e por isso eu fui sereno e breve, porém não quero terminar sem declarar que o Partido Republicano Português fica numa situação de espectativa, podendo o Govêrno contar com o nosso apoio em todas as questões de ordem internacional e de ordem pública; mas desejamos que governe dentro da lei, sem quaisquer espécies de perseguições.
Desde que o Govêrno se mantenha dentro da lei e dentro da ordem, pode contar, repito, com o apoio do Partido Republicano Português.
Assim, Sr. Presidente, termino declarando mais uma vez que o nosso desejo será, e isso o esperamos, que o Govêrno que se encontra nas cadeiras do Poder se mantenha dentro da lei e dentro da Constituïção.
Tenho dito.
Vozes: — Muito bem.
O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando, nestas condições, restituir as notas taguigráficas que lhe foram enviadas.
O Sr. Aires de Ornelas: — Sr. Presidente: não me vou deter na análise demorada do que foi a crise ministerial que terminou com a nomeação do Govêrno que hoje se apresentou no Parlamento. Mas não me posso furtar à expansão de duas ou três considerações que procurarei que sejam muito breves.
Essa crise, a que se procurou responder pela criação dum Ministério Nacional, é mais uma crise pròpriamente da Nação, o se alguma cousa me veio confirmar esta maneira de pensar, é não só o decorrer da crise por tam dilatados dias, como a atitude e o tem dos discursos que acabo de ouvir proferir.
Não sei se, em vista daquilo que ouvi, o Govêrno poderá ter aquela fôrça e aquela acção necessária para a obra de administração que se propõe realizar e que é aquela que solicita toda a opinião do País, que se de alguma cousa está farto é de política, e, portanto, nós quando a fizermos não a devemos fazer no sentido, mesquinho da palavra, mas exclusivamente no serviço dos mais altos interêsses da Nação, e dêles somente.
Sr. Presidente: na declaração ministerial que eu procurarei acompanhar em muito curtas palavras, começa o Sr. Presidente do Ministério por apelar para o patriotismo do Parlamento. Pela parte que nos toca, eu não tenho dúvida alguma em afirmar a V. Ex.ª a maneira como compreendo êsse dever no momento actual. É evidente que não pode o Govêrno contar, nem com certeza contou, com a confiança política da causa que eu represento; mas se o Govêrno enveredar pelo caminho que se pode concluir da sua declaração e se postergar as questiúnculas políticas para entrar na administração verdadeira, económica e sadia da Nação, então será com o maior interêsse que o acompanharemos nesse caminho; e não será por certo o obstrucionismo dêste lado da Câmara que o impedirá de realizar uma obra verdadeiramente nacional.
Apoiados.
É evidente que nesta mesma ordem do ideas a respeito da ordem social e da rua estamos incondicionalmente ao lado do Govêrno; e incondicionalmente digo eu, porque não posso supor que o Govêrno entre em perseguições ou retaliações de qualquer ordem. Manter a ordem na rua, foi muitíssimo bem definido pelo Sr. Governador Civil ao tomar, posse, e com certeza êsse agente do Govêrno não fez