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Diário da Câmara dos Deputados
maioria deles; refiro-me à questão religiosa.
Não quero prejudicar o que o ilustre leader católico queira dizer nesse sentido, mas sou também português e católico, e não posso deixar de levantar o meu protesto contra a forma como estão sendo esbulhados dos passais os párocos portugueses, contra a forma como se está pondo em prática uma lei que a opinião pública já repeliu há muito, maior razão para que não fôsse do aceitar um Ministério presidido pelo autor dessa lei, o Sr. Afonso Costa, tanto mais ainda que êle há pouco tempo estabelecia diferença entre clericais e católicos. Ora, Sr. Presidente, há só uma maneira de se ser católico: é acreditar no dogma e obedecer à Igreja.
Ou se é, ou se não é.
Supor que pode haver Igreja sem ordens religiosas é um êrro. Entender-se que se pode manter a prescrição da Lei da Separação também me parece que não é exacto.
É curioso até que na Associação Maçónica Internacional de Génova, cujos objectivos vêm publicados numa revista estrangeira que recebi ainda hoje, seja indicado como razão essencial da maçonaria o clericalismo que êles têm cuidado de explicar que é o pontificado romano e ordens religiosas.
Ora dêste clericalismo fazem parte todos os que são católicos, e era essa uma das circunstâncias que poderia contribuir para que um Govêrno presidido pelo Sr. Afonso Costa não fôsse por nós considerado de ordem nacional.
Sr. Presidente: sem querer tomar mais tempo à Câmara, limito-me a repetir o que já disse, fazendo sinceros votos para que o ambiente republicano consinta ao Sr. Presidente do Ministério essa acção administrativa que o País precisa, e que S. Ex.ª declara querer dar-lhe.
Tenho dito.
O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, devolver, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.
O Sr. Joaquim Ribeiro: — Sr. Presidente: sendo esta a primeira vez que tenho a honra do falar nesta Câmara depois do meu pedido de renúncia, cabe-me agradecer a todos os meus ilustres colegas as provas de consideração que me deram immerecidamente.
Sr. Presidente: falo, naturalmente, em meu nome pessoal, uma vez que não represento aqui ninguém senão a minha pessoa e os meus eleitores.
Sr. Presidente: eu sou daqueles que entendiam também que no momento grave que atravessamos só um Govêrno nacional, presidido por uma alta figura, poderia desempenhar o seu papel e prestar verdadeiros serviços ao País, em que uma situação tam grave se apresenta. Não quis assim o destino, e formou-se o Govêrno actual.
Lamento que um partido que de tal forma se alheou da opinião pública quisesse assumir o Poder nesta ocasião. Oxalá que bem desempenhe o seu papel.
É o Govêrno actual presidido pelo Sr. Ginestal Machado, um bom republicano, um homem honrado, a quem me rende a mais viva amizade e a quem devo as maiores provas de consideração. Feita esta declaração, dou a entender que não posso de maneira alguma, a não ser que se dê qualquer incidente que me obrigue a pensar de maneira contrária, insurgir-me contra êste Govêrno, prejudicando-o de qualquer forma. Estou certo até que apresentando elo medidas justas, procurando governar com norma e inteligência, merecerá sempre o aplauso desta Câmara. Para garantia disso, pode dizer-se que são as altas figuras que têm no seu seio, e que agora são chamadas com toda a sua responsabilidade, responsabilidade tam grande que ninguém lha pode invejar.
Mas, Sr. Presidente, só eu resolvi apresentar as minhas felicitações ao Sr. Ginestal Machado, o que faço de boa mente, eu, que não sou faccioso, que não sou partidário, que sei esquecer agravos, por isso mesmo, com a independência que tenho, o sem querer proferir palavras que ofendam quem quer que seja, tenho de fazer referência a um determinado Ministro que S. Ex.ª aqui nos traz.
Houve um período, bem ingrato, em que os republicanos foram presos e massacrados, período ingrato que Detendo esquecer a todos os momentos, e por isso repito, sem ofensa para ninguém, declaro que o Sr. Ginestal Machado não tinha o