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Sessão de 19 de Novembro de 1923
direito de nos trazer aqui um ex-Secretário de Estado, dirigido pelo Sr. Tamagnini Barbosa.
Tenho dito.
O Sr. Lino Neto: — Ouvimos as primeiras declarações do novo Govêrno. Não iremos apreciar as circunstâncias que precederam e acompanharam a sua chamada ao Poder. Estamos em frente dum facto consumado. Houve, para a solução da crise ministerial, faltas que poderiam ter sido evitadas? Talvez; mas outro, que não êste, deve ser o momento de apurar responsabilidades.
Poderia a marcha das cousas políticas ter levado um rumo diverso do que teve? Talvez ainda; mas não é a presente ocasião a mais propícia para discussões a êsse respeito. Portugal encontra-se na pendência de gravíssimas questões de ordem tanto interna como internacional, dum extraordinário melindre, que impõem tréguas a todos os políticos que se prezem da sua missão; e essas tréguas — creio-o bem — entraram já, por certo, em propósitos.
É necessário que a atmosfera de desconfiança que por toda a parte se vem desenvolvendo contra os políticos se não acentue mais nem torne possível entre nós movimentos como os que lá fofa determinaram a ascensão ao Poder de Mussolini em Itália e de Primo de Rivera em Espanha.
Aquietemos, pois, especialmente agora, as nossas paixões.
Diante dos homens que constituem o novo Govêrno, numa hora difícil da pátria, a minoria católica, coerentemente com a sua orientação, repete o que sempre tem dito diante de outros Govêrnos: espera, serenamente e sem reserva, os seus actos, e por êsses actos pautará o seu procedimento.
Nem hostilidades nem aplausos incondicionais. Poderá haver atitude mais conforme com os interêsses nacionais? Creio bem que não, porque só assim é que se pode fazer política realmente progressiva para o País.
Essa atitude, porém, não exclui a manifestação das boas esperanças que deposito nas alias individualidades que formam o Govêrno; e, dada a particular estima e conhecimento mais directo que dêles tenho, permita-se-me destacar nesse sentido especialmente o Presidente do Govêrno, Sr. Ginestal Machado, e o Ministro do Comércio, Sr. António Vicente Ferreira, incontestavelmente duas das figuras de maior prestígio e senso político desta Câmara.
A êsses como a todos os domais titulares do Ministério apresento a homenagem, da minha consideração pessoal, fazendo sinceros votou por que, realizando as suas aspirações individuais, encham ao mesmo tempo as largas aspirações da nossa terra.
Não se me leve a mal que, ao saudar os que sobem, tenha também palavras de apreço pelos que descem o procuraram bem servir a Nação, irisando as personalidades dos Srs. António Maria da Silva, Domingos Pereira e Rodrigues Gaspar, cuja acção, nos seus aspectos mais gerais, me impressionou agradavelmente. Tenho prazer nesta demonstração pública de justiça.
E oportuna ela se mostra. E que a política nacional deve resultar não só dum partido, mas dos homens bons de todos os partidos, que, para isso, devem dar-se lealmente as mãos, nesta hora principalmente, para amparar e sustentar os grandes destinos da Pátria comum.
Afirmando dêste modo, gostosamente, uma praxe de cortesia política, devo notar que a declaração ministerial me deixou, na maior parte das suas afirmações, excelente impressão. Fico aguardando com interêsse o cumprimento das promessas que contém.
Uma omissão, porém, sinto que nessa declaração se tenha dado; e sinto-o pelo Govêrno e pelo País, a, quem essa falta principalmente afecta. E que nenhumas referências faça às liberdades da consciência religiosa oprimida.
Ficou na necessidade de manter-se a ordem a todo o custo, e só não se lembrou de aludir ao fundamento de toda a ordem sólida, que é a igreja!
Neste pobre país, onde joga quem quer, onde a prostituição se desenvolve sem peias e as tabernas são cada vez em maior número, os católicos gemem, sem poderem manifestar livremente as fecundas o progressivas energias da sua fé.
Juntas de paróquia, de cumplicidade com autoridades administrativas, mantêm