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Sessão de 20 de Novembro de 1923
como era natural, tendo, quanto à constituição do Govêrno, notado certos factos que convém esclarecer.
Disso o Sr. José Domingues dos Santos, e começou por aí, que o Partido Democrático não se declarara inabilitado de governar.
Nenhuma passagem da declaração ministerial, nem nenhuma passagem dos meus discursos depois do ser Presidente do Ministério, em qualquer parte onde tenha falado, contém qualquer indicação atinente a levar S. Ex.ª à convicção do que eu tivesse dito que o Partido Democrático não estava habilitado a governar.
Prendem-se êstes factos com a solução da crise e, embora ligeiramente, porque o momento não é muito para palavras, mas antes para acções, eu quero dizer a V. Ex.ª o que se passou.
Entre o meu ponto de vista e o ponto de vista do Sr. José Domingues dos Santos há uma diferença fundamental, embora haja pontos de contacto e nós possamos até estar de acôrdo em muitos deles. O Sr. José Domingues dos Santos acha, como eu, que a situação é difícil, é melindrosa ou, pelo menos, delicada e entende que, para a resolver, para procurar o necessário remédio ou, numa palavra, para pôr o problema em equação, convinha que todos os partidos republicanos se coligassem o formassem um Ministério que, não se podendo chamar nacional, embora nacional fôsse o objectivo, fôsse aquilo a que se poderia chamar, como já foi dito, um Govêrno do salvação nacional.
O Partido Nacionalista, a cujo directório eu tenho a honra de presidir, pensa de maneira diferente.
Acha a situação delicada, acha a situação melindrosa, mas entende por isso mesmo que nem todas as fôrças organizadas da República deviam ligar-se e comprometer-se na obra a realizar, dada a sua extraordinária magnitude e por maior que sejam a boa vontade, a competência e o patriotismo de quem o tiver que executar.
E peço licença para nesta altura abrir mm parêntese na minha exposição para dizer ao ilustre Deputado Sr. Vitorino Guimarães, que ao depois falou, que nunca pretendi dar lições do patriotismo a ninguém.
Se apoio para o patriotismo da Câmara, é porque o suponho.
Porque me disseram já aqui, e tenho que o acreditar, sou uma pessoa com uma certa inteligência e, se não acreditasse no patriotismo da Câmara, não viria para êste lugar, sabendo que não tenho maioria.
Confio em que o patriotismo da Câmara me deixará caminhar, tanto mais que não tenciono de modo algum fazer aquilo a que se chama política partidária.
Fechado êste parêntese, devo dizer ao Sr. José Domingues dos Santos que embora podendo haver uma ou outra opinião contraria, o Partido Nacionalista, na sua quási totalidade, entendeu desde a primeira hora que não convinha para a República, nem para o País — e o que não convém à República é convicção minha que não convém ao País — que todas as fôrças da República se comprometessem na tentativa do dar remédio à situação melindrosa em que o Estado se encontra. É um ponto de vista que pode ser combatido, mas é legítimo e defensável.
O Sr. José Domingues dos Santos e parece-me que uma grande parte do seu partido, se não a sua totalidade, pensavam que deviam ligar-se todos.
A uma das mais altas individualidades do Partido Democrático, o Sr. Afonso Costa, quando me deu a honra de me procurar, e nas duas entrevistas realizadas, apresentei o meu ponto de vista, que era, simultaneamente, o do meu partido. Na verdade, os factos são de tal ordem, as circunstâncias são tam difíceis que, por maiores que sejam as competências, por mais completos que sejam os auxílios e as facilidades que os homens podem prestar, aos que governam, não se sabe se um Ministério só poderá levar a termo a obra que se torna necessário ou, pelo menos a que é absolutamente essencial e urgente.
Foi só por êste critério que o Partido Nacionalista entendeu associar-se a outros para a constituição do Govêrno que se pretendeu organizar.
Concordando, porém, com os outros partidos, concordando com a Nação que é preciso fazer alguma cousa ou, antes, muita cousa, deu ao Sr. Afonso Costa ou ofereceu-lhe, visto que S. Ex.ª não pôde ou não quis aceitá-lo, um apoio que era