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Sessão de 20 de Novembro de 1923
Não quero alongar muito o debate; por isso vou reduzir as minhas considerações, embora não deixe de responder a todos os Srs. parlamentares que entraram no debate político.
Seguiu-se no uso da palavra o Sr. Joaquim Ribeiro, que teve palavras de amizade o simpatia para comigo e S. Ex.ª sabe bem que lhas retribuo.
No entretanto, S. Ex.ª fez-me uma censura que eu não mereço.
Disse S. Ex.ª que eu não tinha o direito de trazer para o meu Ministério um Ministro — evidentemente que não quis referir-se ao meu particular amigo Sr. Vasconcelos e Sá — que tinha sido sub-secretário de Estado no tempo da ditadura de Sidónio Pais.
S. Ex.ª é muito novo, por isso seria conveniente lembrar que o Sr. Ministro da Agricultura foi um dos oito oficiais que em 5 do Outubro ficaram no seu pôsto e que com a sua acção permitiram que eu mo encontrasse neste lugar, que S. Ex.ª esteja onde está e a República seja o regime da Nação.
Devo lembrar que o Sr. Ministro da Agricultura ostenta no seu peito a Cruz de Guerra e a medalha de valor militar ganha em África, porque S. Ex.ª em frente do inimigo que tinha rompido uma das faces do quadrado, pôs de parte os seus ferros cirúrgicos, empunhou uma espada, evitando que houvesse grande massacro, o por isso sustenta no peito a medalha de ouro de valor militar. V. Ex.ª, que também se bateu com heroísmo nos campos de batalha, compreende bem as minhas palavras.
Nada mais tenho a dizer; falei de um herói a outro herói.
Sinto não ver presente o Sr. Sá Pereira, para agradecer os elogios excessivos que me fez, ao mesmo tempo que me ia chamando conservador.
Para que não haja confusões eu devo esclarecer.
De facto, sou conservador porque entendo que existe a continuidade histórica nos acontecimentos.
Embora seja conservador, o meu objectivo não é andar para trás, porque nós temos do ir para diante; neste sentido sou conservador, o que não inibo que se queira andar para diante.
Quero mesmo progredir mais do que aqueles que me acusam, por vezes, de conservantismo.
Quero progredir sem parar; e quando se quere transformar tudo — é fatal — tem de se parar para dar lugar à reparação dos estragos que sempre só causam quando se avança demais.
Falou depois o Sr. Nuno Simões que manifestou a sua estranheza por não encontrar na declaração ministerial qualquer alusão à greve marítima.
Sinto não ver S. Ex.ª aqui presente, mas nem por isso deixarei de responder-lhe.
Não posso acreditar que o Sr. Nuno Simões, querendo reflectir, deixe de reconhecer que não podia fazer semelhante reparo.
Então porque há uma greve marítima, tinha isso de ser considerado na declaração ministerial?!
E sabe S. Ex.ª se o Govêrno fez já alguma cousa para solucionar êsse conflito?
Se todos os actos de administração pública tivessem de figurar na declaração ministerial, certamente que ela passaria a constituir grossos volumes que a biblioteca do Congresso não comportaria e estaríamos aqui, indefinidamente, a ler êsses volumes.
Se S. Ex.ª quere saber o que pensa o Governa sôbre a greve marítima, nada mais tem do que interrogar o Sr. Ministro da Marinha, por cuja pasta êsse assunto corre, e dêle obterá todas as explicações.
O que posso desde já declarar é que êsse conflito há-de ser resolvido sem quebra do prestígio da autoridade, que hei-de manter custe o que custar.
Também falou o Sr. Nuno Simões de política internacional e colonial.
Com respeito à política internacional, é manifesta a declaração ministerial. Disse S. Ex.ª que é necessário reformar o Ministério dos Negócios Estrangeiros, de forma a torná-lo mais um instrumento de acção económica do que diplomática. Isso mesmo diz a declaração ministerial e repeti-lo há S. Ex.ª o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros sempre que a Câmara o exija.
Não me parece, pois bem cabida a referência do Sr. Nuno Simões.
Quanto à política colonial, quando a Câmara queira ouvir o Sr. Ministro das