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Sessão de 26 e 27 de Novembro de 1923
O Sr. Fausto de Figueiredo: — A proposta do Sr. António Fonseca tem do ser encarada sob dois aspectos. O primeiro é o aspecto internacional, o é pena que não esteja presente o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros para nos elucidar sôbre êste ponto. Para o segundo aspecto chamo eu a atenção dos Srs. Ministros das Finanças, do Comércio e das Colónias, pois tem de ser encarado administrativamente, visto que há um aumento do preço do 25 a 30 por cento sôbre o preço por que nos custaria, se tratássemos directamente com os fornecedores.
O Sr. Vergílio Costa: — Não é bem assim, pois procurou-se o preço mais baixo e com as maiores vantagens.
O Orador: — Agradeço a informação prestada pelo Sr. Vergílio Costa, mantendo eu a parte que se refere ao material do caminho do ferro, porque esta é verdadeira.
Em certa ocasião os fabricantes alemães sindicaram-se; mas tendo um ficado fora do sindicato, faz as rendas mais baratas do que os outros.
Nova interrupção do Sr. Vergílio Costa, que não pôde ser ouvida pelo taquígrafo.
O Orador: — Estamos em faço dum caso grave que o Govêrno deve esclarecer à Câmara por intermédio do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros.
Temos ainda um outro assunto, ou, para melhor dizer, um outro aspecto do assunto que, sob o ponto de vista administrativo, deve ser encarado pelos Srs. Ministros do Comércio, das Finanças e das Colónias.
Para terminar, devo dizer que seria melhor aguardar a presença do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, que dirá de sua justiça.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Velhinho Correia: — Sr. Presidente: estou pasmado com o que se tem passado nesta sessão. Estamos perfeitamente no caminho da loucura.
Não há outra idea senão esta: notas, notas, notas e mais notas!
Em toda a parte se fez a guerra com notas, mas fez-se em termos ponderados, fez-se em termos que não prejudicaram ninguém.
Porém, veio o predomínio da nota ao mesmo tempo que veio o predomínio da finança na República, influindo extraordinariamente na sua vida económica e quem sabe se talvez nos altos destinos do regime, pondo em perigo as instituições, se não o próprio país.
Trocam-se prolongados àpartes de todos os lados da Câmara.
O Orador: — No ano de 1920-1921 a circulação fiduciária foi aumentada, sabe V. Ex.ª em quanto?
De 370:000 contos, que estava em 31 de Dezembro de 1919, dois anos depois passou para 720:000 contos. Já neste momento se faz sentir a acção claramente inflacionista do Sr. Cunha Leal, que, tendo vindo a êste Parlamento para regularizar uma situação de dezenas do milhares do contos, arrancou ao Parlamento uma lei aumentando em mais 220:000 contos a circulação fiduciária. A sua preocupação dominante, a sua orientação financeira cifra-se nestas palavras: notas, mais notas, sempre notas. Não há outra preocupação da parte de S. Ex.ª senão de afogar o país em notas.
Como ia dizendo, Sr. Presidente, nestes dois anos a circulação fiduciária passou de 370:000 contos para 720:000 contos, quere dizer, primeiro começámos num aumento anual de 21 por cento, depois de 45 por cento e depois do 47 por cento. Foi nesta situação que o Parlamento actual recebeu a circulação fiduciária.
Agora, Sr. Presidente, vamos a ver qual tem sido a obra dêste Parlamento em matéria de circulação fiduciária.
Àpartes.
O Orador: — Havemos de ir todos para a história.
Àparte do Sr. Jorge Nunes que não se ouviu.
O Orador: — Eu fui Ministro um mês.
Continuam os àpartes.
O Orador: — V. Ex.ªs não gostam mas têm de ouvir tudo; hão-de ouvir tudo por muito que isso os incomodo.