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Diário da Câmara dos Deputados
Por ela se vê que, sendo o sábado dia feriado e ontem domingo, só amanhã, têrça-feira, é que a comissão de reparações se reunirá com os delegados do Govêrno alemão para deliberar.
Vejam V. Ex.ª como eu, depois de me ter alargado mais do que desejava, tinha razão em falar sôbre o modo de votar, para dizer que êste caso não tem a tal gravidade que se está apregoando.
Vai reunir amanhã a comissão para resolver com a máxima competência sôbre êste assunto que interessa a todos os aliados.
O nosso delegado ainda poderá regressar a tempo de conhecer das deliberações que a comissão vai tomar.
Portanto, a data de 29 dêste mês deixou do ter o significado que tinha em 2 de Novembro, porque os acontecimentos políticos que se deram na Alemanha e as conferências na comissão de reparações deram um resultado contrário.
Aqui tem V. Ex.ª o meu ponto de vista.
Eu julgo que esta questão não tem aquela acuidade, quer no campo diplomático, quer no campo interno, que se lhe estava dando. O Govêrno tem muito tempo para estudar o assunto, e terá tempo de vir à Câmara pedir que o habilito com os instrumentos de crédito necessários.
Eu ainda chamarei a atenção de V. Ex.ª para a minha afirmação de há pouco: é que não julgo que seja preciso, hoje ou amanhã, enviar dinheiro para a Alemanha, e julgo até que não o devemos enviar.
É verdade que nós íamos com 40:000 contos adquirir de pronto o que vale 120:000 contos; mas seria um péssimo precedente nós irmos começar ã fazer isso, porque suponho que nenhum País ainda o fez.
Ainda agora citou-se aqui que a França tem estado a adiantar dinheiro à Alemanha.
Ora nós temos que pensar bom nas palavras que dizemos, porque elas, sendo mal interpretadas, podem dar resultados contrários àquilo que queremos.
A França não tem tal enviado dinheiro à Alemanha; tem adiantado dinheiro à Alemanha por conta das reparações que devo receber para a reconstrução das regiões devastadas.
Nestes termos, eu creio que a Câmara entenderá que a questão não tem gravidade e, portanto, que nós podemos por agora retirar da discussão a proposta do Sr. António da Fonseca.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. José Domingues dos Santos: — Sr. Presidente: eu vou pôr a questão, em nome do Partido Republicano Português, nos termos mais simples, mais correctos o mais verdadeiros.
Sr. Presidente: o Partido Republicano Português entendo que o Sr. António Fonseca ao apresentar a sua proposta procedeu, naturalmente, levado por um alto espírito de patriotismo; porém, acostumados como estamos a ouvi-lo, desde que S. Ex.ª se apressa a retirá-la, dá-nos a impressão de que êle não julga a sua proposta de um interêsse tam imediato na sua aprovação que não possa de facto por agora prescindir dela.
O Govêrno, Sr. Presidente, encontra-se já no poder, deve haver treze ou catorze dias; e assim acho extraordinário que ao apresentar as suas propostas se tivesse esquecido do assunto.
Desta forma, Sr. Presidente, parece-me que na verdade não há vantagem alguma em se votar de afogadilho um assunto que tem um alto alcance.
O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros está tratando do assunto; e, assim, não me parece que seja conveniente que o Parlamento vá votar uma autorização, pela qual se diz que estamos dispostos a pagar aquilo que nós devemos sustentar que não temos a obrigação de pagar.
Apoiados.
A Alemanha Sr. Presidente, pretende deixar de cumprir os seus compromissos; e não me parece que devamos ser nós os primeiros a dizer-lhe que estamos dispostos a aceitar o seu ponto de visto, que é o de não pagar aquilo que nos deve.
Sr. Presidente: em meu entender êste é um assunto que deve ser tratado o ponderado, não com irritações, com ameaças ou agravos, mas com toda a serenidade.
Trata-se, Sr. Presidente, de um assunto de nosso interêsse; e, assim, entendo que êle deve ser ponderado com elevação, pois a verdade é que em assuntos desta natureza não deve haver