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Diário da Câmara dos Deputados
O Sr. Vasco Borges: — Eu creio que nem eu nem nenhuma das pessoas que ouviram V. Ex.ª e o Sr. Ministro dos Estrangeiros pode pôr em dúvida que êsse protesto se fez.
Com a afirmação — que representa, aliás, uma má interpretação do meu pensamento — de que era necessário fazer êsse protesto, eu quero significar que havia toda a conveniência (não em o fazer, porque já estava feito) mas em insistir nessa atitude.
O Orador: — Eu agradeço a explicação do Sr. Vasco Borges, mas não posso deixar de reconhecer que, nesse caso, o seu pensamento foi mal intrepretado pelo, jornalista que o interpelou.
O que se diz nessa entrevista, o que se diz nos jornais e o que se disse até nesta casa do Parlamento na sessão de segunda-feira pode dar a impressão de que o protesto não fora apresentado.
É precisamente para desfazer essa errada impressão que eu faço as afirmações que estou fazendo.
Eu vou ler o documento.
Não ando a fazer propaganda dele para, de qualquer modo, conquistar as simpatias das turbas atónitas que ficaram admiradas perante o procedimento altivo de um Ministro que apenas cumpriu honestamente, modestamente o seu dever.
O orador lê à Cornara o documento a que alude.
O Orador: — Esta comunicação devia ter chegado às mãos do nosso delegado na comissão de reparações em 14 do corrente.
Creio que a Câmara não poderei dizer que Portugal cruzasse os braços perante a atitude de quem desprezou com desdém os tratados.
E não foi só a Alemanha que manifestou êsse desdém e deprêzo: há de facto, — por mais doloroso que seja afirmá-lo — o mesmo desdém doutras nações!
Apoiados.
Saí do Ministério dos Negócios Estrangeiros por, decreto de 15 dêste mês, e em 16 transitei os poderes ao Sr. Júlio Dantas.
Nada mais tinha, portanto, a fazer.
O Sr. Júlio Dantas ocupa presentemente a pasta dos Estrangeiros com mais vantagem para o País que aquela que lhe deu o seu antecessor.
Não sei se mais razões há desde a minha saída do Ministério para poder modificar as disposições do meu espírito em relação ao procedimento da Alemanha e das reparações; mas o que me parece se devia fazer era recusar à Alemanha a soma que ela nos exije.
Apoiados.
A minha opinião — e digo-a sem poder supor que haja alguma cousa que a possa modificar — é sustentar uma atitude altiva de sustentação dos nossos direitos, sem entregar nem sequer um centavo à Alemanha.
Apoiados.
Foi esta a situação que eu deixei ao abandonar a pasta dos Negócios Estrangeiros.
Estive demissionário durante dezassete dias; não competia a um Ministro demissionário resolver a questão.
Além de que havia tempo dentro do prazo que a Alemanha marcou, e eu não tinha o direito de adoptar qualquer solução.
O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros trouxe a questão à Câmara, e fez muito bem.
E possível que qualquer pessoa que estivesse no meu lugar procedesse com mais talento, que o meu não foi nenhum; (Não apoiados) é possível que mostrasse mesmo geniais qualidades de estadista.
Não era o caso, porém, para isso.
Eu contento-me com a consciência de ter cumprido sempre com o meu dever de Ministro.
Apoiados.
Para terminar desejo ainda frisar mais uma vez os meus pontos de vista respeitantes à questão.
Entendo que não há o direito de fazer política estreita.
Apoiados.
Entendo que qualquer animadversão em relação a pessoas não deve existir como motivo de lhes embaraçar a acção.
Disse-o ao Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros no acto da sua posse, disse-o aqui na última segunda-feira, e repito-o ainda uma vez mais: o meu Partido encontra-se sempre ao lado do Govêrno para as questões de política externa,