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Diário da Câmara dos Deputados
O Sr. José Domingues dos Santos: — Sr. Presidente: não é bem sôbre o assunto em discussão que eu desejo usar da palavra. Faço-o simplesmente para dar algumas explicações à Câmara à qual peço desculpa de, por esta forma, ter escalado a palavra. Se assim procedo, porém, é porque não encontro outra forma de o fazer.
Não assisti ontem à discussão havida nesta Câmara a propósito duma nomeação feita pelo Ministério das Colónias; e não assisti propositadamente.
De algum tempo a esta parte que, a propósito dum caso em que incidentalmente me achei envolvido, o meu nome vem sendo badalado em certa imprensa sem que eu, por qualquer forma, tenha dito aquilo que poderia dizer. Considerei-me sempre absolutamente estranho a tudo quanto se passava.
Ontem, porém, o meu nome foi repetido várias vezes. Senti-me, então, na obrigação de dizer à Câmara alguma cousa que a pode interessar.
Não pedi nada, absolutamente nada ao Sr. Ministro das Colónias do gabinete transacto. Fui inteiramente estranho à nomeação feita por S. Ex.ª Tratando-se dum logar naturalmente desejado por várias pessoas, eu tenho, por isso, motivos para- lhe testemunhar os meus agradecimentos pelo facto de se ter lembrado do meu nome.
Sou, Sr. Presidente, um homem pobre — e isto não vai como censura aos que são ricos. Sou um homem que não, pertence a companhias e isto não vai como censura aos que pertencem a companhias. — Sou chefe de família numerosa que sustento, e à República tenho dado toda a minha dedicação, todo o meu esfôrço e todo o meu dinheiro.
Isto deveria merecer às pessoas que militam, embora, em partido oposto, o respeito que homens honrados devem merecer a homens honrados.
Infelizmente não se procedeu assim. A atitude assumida para comigo tem, pois, o aspecto dum agravo pessoal.
Não apoiados.
Êsse aspecto não interessa à Câmara interessa só a mim; eu não sou pessoa que me deixe agravar sem desforço.
Simplesmente não quero que, por minha causa, o Sr. Ministro das Colónias
tenha de abandonar o seu lugar. S. Ex.ª poderá continuar a sobraçar a sua pasta com aquela proficiência que nós estamos vendo.
O Sr. Ministro das Colónias declarou que o chefe do sou gabinete desistira do lugar para que tinha sido nomeado, e que nunca me nomearia para êle.
Não era precisa a declaração.
Eu nunca aceitaria um lugar para o qual fôsse nomeado por uma pessoa que não me merecesse confiança.
Para evitar que eu chegasse a êsse lugar era absolutamente desnecessário que S. Ex.ª fôsse levado a desfazer um decreto, atingindo assim o próprio nome do Sr. Presidente da República.
Tenho dito.
Vozes da esquerda: — Muito bem.
Vozes da direita: — Não apoiado.
O orador não reviu.
O Sr. Presidente: — Eu dei a palavra ao Sr. José Domingues dos Santos na ocasião em que se estava debatendo o caso das libras fornecidas aos bancos de Lisboa, sem poder supor que se ia renovar um debate já extinto. E como o Sr. Ministro das Finanças tinha — como reparei depois — pedido a palavra antes do Sr. José Domingues dos Santos, vou concedê-la agora a S. Ex.ª e não a darei a mais nenhum Sr. Deputado para se referir a uma questão já tratada.
O Sr. Carvalho da Silva: — V. Ex.ª não pode adoptar para êste lado da Câmara procedimento diverso do que usou para aquele lado (apontando para o lado esquerdo).
O Sr. Presidente: — V. Ex.ª nem sequer tem o direito de formular o desejo de que eu não adopte um. procedimento diferente para um lado ou para o outro, porque tem a certeza de que eu sou incapaz de o fazer.
O Sr. Carvalho da Silva: — O Sr. José Domingues dos Santos referiu-se os Deputados que na sessão de ontem abordaram o assunto, e eu julgo-me no dever de explicar o sentido das minhas palavras!