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Diário da Câmara dos Deputados
tinha sido roubado e que havia criminosos, mas que não havia maneira de descobrir quem eram para irem para a cadeia. É um ex-Ministro que há pouco abandonou o Poder, e que durante quási dois anos geriu a pasta das Colónias, que vem perante o Parlamento demonstrar a incapacidade governativa da República e a falta de coragem moral da República para punir os criminosos da categoria daqueles que cometeram as frades dos Transportes Marítimos.
Sr. Presidente: já tive ocasião de dizer aqui, em 16 de Junho dó 1922, aquilo que véu agora actualizar com números.
A demora na liquidação dos navios dos Transportes Marítimos do Estado tem trazido para o País além dos prejuízos derivados dos roubos constantes, praticados na sua administração, dos erros da sua administração, prejuízos de centenas de milhares de contos derivados da demora nessa liquidação da frota.
Sustentei eu aqui, que se se tivesse feito a liquidação dos navios dos Transportes Marítimos do Estado em 1920, que foi uma das épocas em que a cotação da tonelagem dos navios atingiu o maior, auge, eu demonstrei que sendo a frota do Estado, antes, os despojos da frota que nos restavam depois dós sinistros ocorridos durante a guerra, depois da maneira como a casa Furness nos legou êsses navios o da maneira como foram tratados pela administração do Estado, eu sustentei com números que 154:343 toneladas que constituem boje o saldo da frota marítima do Estado, em tonelagem bruta correspondente aproximadamente a 215:000 toneladas de carga, o preço médio então em vigor era de 30 libras a tonelada ao câmbio da época, a 11 1/4 a libra, ou a 21$33(3), isto é, pela quarta ou quinta parte do preço actual, as 215:000 toneladas podiam ter rendido 6. 450:000 libras, ou seja, ao câmbio da praça 137:597. 850$.
Ao câmbio actual esta cifra elevava-se a quantia superior a 600:000 contos.
Sr. Presidente: se a lei de 9 de Setembro de 1922, que estabeleceu as normas da liquidação dos Transportes Marítimos do Estado, tivesse sido cumprida dentro do seu prazo, nós teríamos possibilidade do vender cada tonelada, não já a 30 libras como em 1920, mas a 5 libras, quando muito, em média.
Sustentei eu então que em Junho de 1922 a Inglaterra tinha amarrados nos seus pôrtos 1. 900:000 toneladas, em todos os pôrtos da Europa estavam amarrados mais do dois milhões de toneladas, excepto nos Estados Unidos, que tinham amarrado 40 por cento da sua frota marítima. Sendo a tonelagem mundial cêrca de 60 milhões de toneladas, estavam amarrados cêrca de 12 milhões de toneladas.
Apesar disso, ainda nessa ocasião nós podíamos vender os navios pela 6.ª parte do preço do 1920 ou seja a 5 libras a tonelada, e então obteríamos, ao câmbio do 4 1/6, com a libra a 58$00, 1. 575:000 libras; que a êste câmbio representava na nossa moeda 62:544. 575$.
O prejuízo sofrido pelo facto de não terem sido» vendidos em 1920, apesar da diferença da moeda, isto é da valorização da libra, cri superiora 75:053. 000$
Ao câmbio de 1920 que tomei para base, porque eram as condições mais prováveis da venda da frota marítima a 5 libras a tonelada produziria 22:932. 975$
Portanto o prejuízo derivado, não só da demora o portanto da depreciação do, preço da tonelada, assim como da diferença cambial de 1920 para 1922, era, nem mais nem menos do que 114:064. 870$. Sr. Presidente: estamos em 1923. O Sr. Ministro do Comércio animado das melhores intenções propõe-se fazer de vez a liquidação da frota marítima.
Eu, Sr. Presidente, não acredito que seja desta, e teria ocasião de expor a V. Ex.ª e à Câmara, no decurso das minhas considerações, as razões por que não acredito que assim suceda.
Mas, admitamos que o Sr. Pedro Pita consegue o milagre de fazer imediatamente a venda dos 40 navios que restam dos Transportes Marítimos do Estado. Averiguei que, sem exagero, sem pessimismo, os navios do Transportes Marítimos do Estado vendidos nas condições em que se encontram não produzirão, em média, mais do que duas libras por tonelada e terei ocasião de dar os parabéns ao Sr. Ministro do Comércio se conseguir ainda êste preço.
Portanto, ao preço de 2 libras a tonelada, a venda dá 430:000 libras, que ao câmbio do hoje, que é de 2 1/32 libra