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Diário da Câmara dos Deputados
O Sr. Jorge Nunes: — Sr. Presidente: após as declarações tam claras e tam terminantes do ilustre leader da minoria nacionalista, eu não compreendo a atitude do Sr. Rodrigues Gaspar mantendo o seu requerimento.
Êste lado da Câmara — é bom repeti-lo — não tem o propósito de fazer obstrucionismo à proposta em discussão. Bem ao contrário, o Partido Nacionalista deseja acompanhá-la com todo ò cuidado e patriotismo. Simplesmente as razões aduzidas pela maioria não nos convencem de que a presença do Govêrno é dispensável, tanto mais quanto é certo que à sua frente se encontra o Sr. Álvaro de Castro que sôbre o assunto tom especiais conhecimentos e que melhor do que ninguém conhece a importância que para os interêsses de Moçambique representa a proposta que se pretende fazer discutir.
O Sr. Presidente do Ministério foge da Câmara (Muitos apoiados) dando-nos assim, a impressão de que há uma situação política ainda por definir.
Muitos apoiados.
São assim os paladinos da Constituïção!
Muitos apoiados.
Porque não vem S. Ex.ª aqui apresentar-nos o produto da sua colheita numa seara que por aí se adquire a uns tantos centavos o exemplar?
Nós precisamos de os conhecer. Nós precisamos de saber o que pensa, por exemplo, o Sr. Domingues dos Santos da acção a exercer sôbre os seus colegas de gabinete.
Estou a vê-lo, Sr. Presidente, e a senti-lo.
O Govêrno, não temos dúvida alguma a êsse respeito, está no coração da maioria democrática, e tam certo está o Govêrno dêsse apoio incondicional, dêsse apaixonado apoio, que ainda está realizando determinadas démarches para se possuir daquela coragem, daquela fôrça de que precisa para enfrentar esta casa do Parlamento. Assim, Sr. Presidente, é que está explicada a razão da necessidade imperiosa do Govêrno de ver, aprovada essa proposta de lei sem a sua presença.
Ora. Sr. Presidente, desde que o Partido Nacionalista, uma das poucas oposições com que o Govêrno poderá contar neste Parlamento, pelo facto de o seu leader declarar que está pronto a trabalhar até no dia de Natal, dispensando-se aquelas férias que todos usam e de que todos gozam só para bem servir a Pátria e a República, facilitando a acção e a vida do Govêrno; desde que o Partido Nacionalista apenas quere ver S. Ex.ªs alinhados naqueles lugares para os contemplar com pasmo e com admiração, consentindo até que se suspenda, após a leitura da mensagem ministerial, a discussão política para apenas se tratar, até mesmo em sessões prorrogadas, da proposta do empréstimo para a província de Moçambique a menos que se trate duma teimosia, não se encontra explicação para esta resolução.
O Sr. Nuno Simões: — V. Ex.ª dá-me licença?
V. Ex.ª está fazendo considerações que em outra ocasião teriam magnifica oportunidade; por agora só do que precisamos saber é se a Câmara quere ou não discutir esta proposta.
O Orador: — Sr. Presidente: satisfazendo a curiosidade do meu ilustre colega e prezadíssimo amigo Sr. Nuno Simões, que até certo ponto julga talvez inoportunas as minhas declarações, porquanto o que S. Ex.ª quere saber apenas é o que a Câmara julga acêrca da oportunidade da proposta, desculpe-me S. Ex.ª 1 que lhe diga que a muito chega a sua ingenuïdade. 4 Pois que pretendemos nós se não ver o que a Câmara pensa da oportunidade da proposta? Essa pregunta também eu fiz, mas, o que é facto é que a maioria da Câmara se conserva surda nos nossos protestos, não procurando raciocinar neste momento de forma a resolver consoante os superiores interêsses da Nação, e, mais ainda, consoante o prestígio do Parlamento. Que havemos de fazer, nós, aqueles que somos lançados às feras, aqueles que toda a gente entende que dentro e fora da Câmara, por propósitos mesquinhos de política, não podemos nem devemos pesar na balança da Nação?
Que outra atitude podemos tomar senão esta, de empregar todos os meios legítimos para fazermos boa a declaração feita há pouco pelo ilustre leader do meu partido, de que por tudo aquilo que con-