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Diário da Câmara dos Deputados
à Câmara que para mim é absolutamente indiferente que se discuta ou não esta proposta; cumpri o meu dever de português e de Ministro trazendo-a à Câmara; os outros cumprirão q seu dever pela forma que entenderem. É-me indiferente que se discuta ou não esta proposta pelo que respeita a qualquer groríola por ter pôsto o meu nome debaixo dessa proposta negociada por outros, cuja intervenção minha não justifica, como disse, nem condecorações nem louvores.
Mas, interessa-me como português e julgo-me no direito de em tempo oportuno exigir responsabilidades a quem elas couberem.
Para terminar estas considerações, desejo dar uma resposta ao Sr. Nuno Simões.
Por muito pouca que seja a minha compreensão e por muito limitada e modesta que seja a forma por que se exerce o meu patriotismo, eu não cometeria o êrro de trazer à Câmara uma imposição feita por quem quer que fôsse, pois que pertenço a esta Câmara e todo o agravo que a esta Câmara fôr feito é feito a mim próprio, ao País, a todos os parlamentares.
Ponhamos as cousas no seu verdadeiro pé.
O Sr. Nuno Simões, que decerto faz justiça às minhas intenções, vai ver que a sua observação não tinha grande razão de ser.
S. Ex.ª, que tem prática de negócios, sabe que nenhum consórcio de banqueiros pode assumir compromissos desta importância por um prazo indefinido.
A Câmara sabe que o mercado monetário inglês, devido às circunstâncias da política geral do mundo *e às circunstâncias muito particulares da política interna inglesa, está duma grande sensibilidade; está, para empregar uma expressão que tenho ouvido dizer e lido escrita, está histérico; impressiona-se muito fàcilmente.
Pois acontece que na data em que se formou o acôrdo estavam prestes a realizar-se as eleições inglesas, e os capitalistas que a êste empreendimento se abalançaram não desejavam tomar por períodos demasiados longos compromissos, que possìvelmente podendo satisfazer até determinada época, como seja o fim do ano, não poderiam manter muito mais além.
Mas é natural que se possa conseguir um adiamento de prazo; isso, porém, é com negociadores e não com a Câmara.
Entretanto, na ocasião em que apresentei esta proposta à Câmara, o estado da questão era êste: o contrato devia ser firme até 31 de Dezembro; mas se a Câmara entendesse que devia discutir durante três ou quatro meses a proposta, podia fazê-lo.
O Sr. Nuno Simões pode estar certo que eu não aceitava imposições de ninguém.
Apoiados.
Tenho dito.
O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.
O Sr. Aires de Ornelas: — Sr. Presidente: é também, como se deu com o meu ilustre colega que acabou de falar, usar dum abuso o fazer as considerações que vou expôr sobre o modo de votar, mas a discussão que se levantou bole em questões de tal maneira importantes e de tal maneira graves, que me parece que não será inútil insistir em alguns pontos de vista que já aqui foram trocados.
Apoiados.
Nós estamos já duma maneira geral orientados sôbre aquilo que se ia discutir; quere dizer, sôbre a urgência de tempo agravada inegàvelmente pelo resultado das eleições inglesas e complicada crise política em que aquela nação se debate; urgência de tempo, que não foi uma imposição, mas que nos marca uma obrigação, e se essa obrigação compete ao Parlamento, compete também ao Govêrno na parte que lho corresponde.
Apoiados.
O Parlamento vai tomar a responsabilidade dum empréstimo de algumas centenas de milhares de contos com a garantia dos rendimentos da província de Moçambique.
Sôbre essa colónia, sôbre a sua administração, sôbre os melindres políticos da sua situação, fez aqui as maiores reservas o actual Sr. Presidente do Ministério.
Ora considera S. Ex.ª que a realização dêste empréstimo agrava ou alivia as suas apreensões?
São pontos indispensáveis para que nós possamos não só discutir, mas votar.