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Sessão de 16 de Janeiro de 1924 11

O Orador: — Há dias eu tive ocasião de afirmar aqui que A maior parte dos elogios da imprensa eram pagos. Como pano de amostra, dei â Câmara três exemplos.

Agora sôbre outras questões, essa mesma imprensa dignifica uns para caluniar outros.

E quando êsses que são caluniados pretendem, desagravar-se, o que faz o Parlamento?

Impede-os de falar, cobrindo assim essa imprensa, que procura fazer obra pela calúnia.

Não apoiados.

Precisava de dar estas explicações à Câmara.

Sabemos que a maior parte da imprensa calunia e não permite à opinião pública livre expansão; sabemos que alguns dos caluniados são despeitados, devendo-nos a República a consideração de em algumas horas aflitivas ao seu destino terem sido seus Minisfros. Pois agora a Câmara acaba de recusar a êsses Deputados ofendidos a única tribuna onde êles se podem defender.

Apoiados das direitas.

Não me quero alongar em considerações porque quero obedecer à sugestão de V. Exa., Sr. Presidente, mas não quero, deixar de lavrar o meu protesto contra esta circunstância: de ter sido ofendido pela imprensa na minha honra e serem os meus iguais aqueles que afirmam que nem me posso defender na tribuna do Parlamento.

Apoiados das aposições e não apoiados da maioria.

O orador não reviu.

O Sr. Agatão Lança (para explicações): — Sr. Presidente: pedi a palavra para declarar a V. Exa. e à Câmara que se rejeitei o pedido de urgência formulado pelo Sr. Cunha Leal, para tratar aqui na Câmara de várias afirmações feitas pelos jornais, foi pela razão simples de que entendo que é nos jornais que se devem combater essas afirmações, porque foi neles que foi levantada a questão.

Mas devo, lembrar a V, Exa. e á Câmara, que o Govêrno a que pertenceu, o Sr. Cunha Leal teve óptimas ocasiões para esclarecer na Câmara sôbre o que foi o movimento de Dezembro. O Sr. Gines-

tal Machado, preguntado por vários Deputados, e eu entre êles, acerca de vários incidentes dêsse movimento, não quis responder.

O Sr. Cunha Leal: — V. Exa. com certeza não quere comparecer com as pessoas que me caluniaram lá fora. Eu não quis vir como Ministro dar explicações à Câmara, e estava no meu direito, mas disso que como Deputado estava pronto a dá-las.

Ainda, porém, ninguém mas pediu, e agora a Câmara nega-me não só êsse direito, mas o de me defender. E o círculo de forro a estreitar-se à volta de mim e dos meus companheiros de Govêrno!

O Orador: — Devo começar por dizer que o Sr. Cunha Leal quando fala não gosta, que o interrompam sem licença.

Ora S. Exa. interrompeu-me sem essa licença, mas com certeza sabia de antemão que eu lhe concederia todas as licenças para me interromper, e de facto, assim é.

Devo também dizer que ás conclusões que o Sr. Cunha Leal tirou sôbre a minha atitude absolutamente nada influenciaram no meu espírito par? que, só tivesse novamente de votar, não votasse da mesma forma que há pouco, porque as acusações vindas anteontem num jornal dá noite, A Capital, referem-se a cousas estranhas ao Parlamento. O que lá vem de mais grave não é contra o Sr. Cunha Leal, mas exactamente contra o próprio Presidente do seu Governo: é a afirmação de que «uni oficial do exército, oficial que se bateu na África e na França, teria dito ao Presidente do Govêrno de então quando êste telefonava ao Sr. Presidente da República dizendo que havia agitação nas ruas e que os oficiais da guarnição de Lisboa pretendiam conferenciar com S. Exa., porventura, para o forçarem a uma determinada atitude — que isso era mentira».

O Sr. Pedro Pita: — Isso é absolutamente falso!

O Sr. Cunha Leal: — V. Exa. estando, a repetir a calúnia, admite-a!

Apoiados da minoria nacionalista.