O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 18 de Janeiro de 1924 21

O Sr. Almeida Ribeiro sabe muito bem escrever, sabendo o sentido das palavras que escreve. E se não escreveu outras palavras foi porque houve intuitos reservados.

S. Exa. sabe escrever português e sabe escrever claro, quando quere escrever claro; más escreve escuro e, portanto, há intuitos reservados.

É preciso que o País seja esclarecido para saber para onde vamos.

Isto é que se chama especular, Sr. Américo Olavo.

Não julguem V. Exas. que os argumentos de «apoiados» e «não apoiados» afastam qualquer questão do seu verdadeiro pó.

Se V. Exas. estão desapaixonados neste assunto, aceitem a proposta d!o .Sr. Jorge Nunes.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Carvalho da Silva: — Sr. Presidente: apenas uma dúzia de palavras,que seria bom que o Sr. Américo Olavo pudesse ouvir.

Não tinha tenção de usar novamente da palavra; mas o Sr. Américo Olavo declarou que os Deputados monárquicos desejavam o «quanto pior, melhor», e que os Deputados da oposição estavam a protelar o debate.

Ao meu amigo pessoal Sr. Américo Olavo devo responder. E. começo por responder a S. Exa. com um facto concreto que muito gostaria que S. Exa. pudesse contestar.

Tratando-se ontem nesta Câmara dum assunto grave, como êste que estamos discutindo, um ilustre Deputado da maioria, Sr. Tavares de Carvalho, requereu que a sessão fôsse prorrogada, sem interrupção até se acabar de discutir e votar o assunto.

Pois quando chegámos à hora pouco mais ou menos de se encerrar a sessão estavam na sala trinta e tantos Srs. Deputados o que levou o Sr. Presidente, para que publicamente o País não visse que a maioria da Câmara não se interessava com um assunto desta ordem e saía da sala sem o querer tratar — o que não sucedeu á oposição — a fazer com que o assunto não fôsse votado ontem.

Peço ao Sr. Américo Olavo o favor de dizer se quem tem a culpa do assunto não estar já votado é a maioria ou a oposição.

O Sr. Américo Olavo: — Se V. Exa. não estivesse a falar já estava votado.

O Orador: - Quem faltou ontem com o número?

O Sr. Américo Olavo: — Já respondi à pregunta de V. Exa.

O Orador: — Os Srs. Deputados que se foram embora, não permitindo que se votasse o assunto, tiveram ou não a culpa?

Sou efectivamente amigo pessoal de S. Exa. para não querer mantê-lo por mais, tempo nessa situação de não poder responder a estas preguntas.

Já S. Exa., o Sr. Américo Olavo, vê que quem teve a culpa de o assunto não ser ontem votado foi a maioria da Câmara saindo da sala, como do resto já tinha feito noutro dia, quando se discutia a proposta de empréstimo de que depende o futuro da província de Moçambique.

Não venha, portanto, S. Exa. fazer acusações à oposição, porque quem tem a culpa é a maioria.

Não dizemos «quanto pior, melhor»; e a prova tem-na S. Exa. num facto passado há pouco tempo nesta Câmara. Uma apreciação feita nesta Câmara pelo Sr. Tôrres Garcia acerca de determinado assunto foi de tal ordem que se quiséssemos, o «quanto pior, melhor», e tivéssemos querido salientar essa afirmação de S. Exa. e eu não sei o que se teria passado na praça de Lisboa.

Respondido também êste ponto, vamos ao terceiro, que é aquele em que S. Exa. diz que não há inconveniente em se votar a proposta do Sr. Almeida Ribeiro em vez da do Sr. Jorge Nunes.

Vou dizer que há o máximo inconveniente, porque sôbre autorizações parlamentares nós temos dois factos recentíssimos.

Um deles foi uma simples alínea votada na proposta do regime cerealífero e que nós tínhamos a certeza que servia para acabar com o pão político. O outro facto foi o relativo ao convénio com o Banco de Portugal, que, por uma má in-